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Relatório aponta expansão do ecossistema de investimentos e negócios de impacto
Monitoramento realizado anualmente pela Aliança pelos Investimentos e Negócios de Impacto evidencia aproximação de novos e diferentes atores, bem como ampliação de eventos e conteúdos sobre o tema.
Com o objetivo de ativar o ecossistema de impacto no Brasil por meio do mapeamento, conexão e apoio a agendas e atores estratégicos, em 2015, a Aliança pelos Investimentos e Negócios de Impacto (antiga Força Tarefa de Finanças Sociais) identificou quatro frentes de trabalho que precisavam ser impulsionadas: 1) ampliação da oferta de capital; 2) aumento do número de negócios de impacto qualificados e com alto potencial de crescimento; 3) fortalecimento das organizações intermediárias; e 4) promoção de um macro ambiente favorável para o investimento de impacto.
Com base nessas diretrizes, a iniciativa definiu 15 recomendações que apontam metas e atores-chave a serem engajados até 2020, tais como famílias de alta renda, fundações, academia, governos, aceleradoras e fundos de investimento, entre outros.
Desde então, Aliança monitora anualmente a resposta do ecossistema de investimentos e negócios de impacto às recomendações por meio de um amplo processo de escuta. O relatório Conquistas e avanços do ecossistema de Investimentos e Negócios de Impacto no Brasil em 2018, que será lançado no dia 08 de maio, oferece uma fotografia de sua expansão e coloca em primeiro plano iniciativas inovadoras e seus realizadores.
Em sua terceira edição, o relatório da Aliança pelos Investimentos e Negócios de Impacto contou com a colaboração de 67 organizações, que reportaram 146 iniciativas. “Considerando que 78% das ações de 2018 registradas na plataforma utilizada pela Aliança para consultar o campo tinham co-realizadores – chegando, em alguns casos, a mais de 20 –, é notável a entrada e aproximação de diversos atores com o campo dos investimentos e negócios de impacto.” comenta Diogo Quitério, gestor de programas do Instituto de Cidadania Empresarial (ICE) que responde pela diretoria executiva da Aliança.
O relatório priorizou o reporte das iniciativas a partir de três critérios: inovação (projetos ou programas que representem uma forma nova de fazer ou envolvam um público novo), aporte ao campo (ações que trazem reflexão ou impacto para todo o campo e não apenas para um indivíduo ou grupo) e conhecimento público (ações públicas e, preferencialmente, acessíveis para quem quer buscar mais informações).
A análise dos registros foi produzida a partir das quatro frentes identificadas pela Aliança como prioritárias para o fortalecimento do ecossistema: ampliação da oferta de capital, macro ambiente favorável, aumento do número de negócios de impacto e fortalecimento das organizações intermediárias (incubadoras e aceleradoras).
Além disso, o relatório disponibiliza um mapeamento de eventos e publicações do campo em 2018. Entre eles, se destacam 10 eventos apoiados pela chamada realizada durante o 3º Fórum de Finanças Sociais e Negócios de Impacto e realizados em todas as regiões do Brasil e 19 publicações.
Para repercutir os achados do relatório, a equipe do Boletim ICE conversou com Diogo Quitério, gestor de programas da instituição. Confira a seguir a entrevista na íntegra:
Boletim ICE – O que podemos celebrar sobre o relatório 2018 da Aliança pelos Investimentos e Negócios de Impacto?
Diogo – O primeiro ponto a celebrar é a publicação do novo relatório, como encarte, na edição especial da revista Página 22 sobre investimentos e negócios de impacto que será lançada no dia 8 de maio em evento pelos 20 anos do ICE [a revista multimídia é referência no mercado editorial brasileiro sobre o tema da sustentabilidade]. Será um novo público a conhecer os conceitos e as narrativas circuladas por nossas teses sobre investir com propósito e empreender com impacto. É importante que essa agenda seja vista como um ecossistema, repleto de atores e iniciativas bastante inovadoras e efetivas. O segundo ponto bacana é que o relatório dá a possibilidade de ler em um mesmo documento um conjunto de iniciativas que incidem de forma complementar nos desafios de fortalecimento desse ecossistema. No final do dia, estamos trabalhando para que haja mais soluções de mercado que possam resolver problemas de populações mais vulneráveis e do planeta e esperamos que isso se reverta na melhoria dos indicadores socioambientais. Mas, para chegarmos lá, precisamos de iniciativas que apoiem jovens empreendedores, que tragam mais investidores, que aproximem os governos, que conectem grandes empresas, que sistematizem metodologias sobre mensuração de impacto, etc.
Boletim ICE – Que destaques você repercutiria em meio aos achados do relatório 2018?
Diogo – Dois destaques interessantes são o aumento do número de publicações e de eventos sobre esse tema em 2018. Esses resultados são causa e sintoma do amadurecimento do ecossistema. Mapeamos mais de 50 eventos que discutiram o tema de investimentos e negócios de impacto nas cinco regiões do Brasil ao longo do último ano – no relatório são apresentados 16. Quanto mais eventos tivermos, maiores as chances de informarmos e engajarmos novos atores estratégicos nessa agenda, maior a repercussão de iniciativas bem sucedidas e maiores as chances de nascerem novas parceria e apoios. Em relação às publicações, mapeamos mais de 20 com as mais diversas abordagens sobre o tema. Quanto mais conteúdos organizados e disseminados, mais fontes de consulta, mais referências de boas práticas e mais leitores interessados e capacitados para agir.
Boletim ICE – Chegando ao terceiro ano do monitoramento das iniciativas promovidas no âmbito do ecossistema de investimentos e negócios de impacto realizado pela Aliança, o que é possível notar no que se refere aos avanços nesse campo?
Diogo – Mesmo sabendo que algumas das iniciativas vão gerar resultados mais concretos no médio prazo, tem sido interessante acompanhar a evolução de alguns blocos, como as iniciativas de aceleração de empreendedores da periferia, a aproximação das OSCs [organizações da sociedade civil] com os conceitos dos negócios de impacto e a participação do governo federal. A Enimpacto [Estratégia Nacional de Investimentos e Negócios de Impacto], que já completou seu primeiro ano, constituiu um comitê com 26 organizações públicas e privadas que passaram o ano de 2018 discutindo o tema e implementando mais de 20 projetos.
Boletim ICE – E com relação aos desafios? Na percepção da Aliança, quais são ainda os principais gargalos quando se fala em investimentos e negócios de impacto?
Diogo – Dentre os diversos desafios que precisamos endereçar nos próximos anos, gostaria de destacar quatro. O primeiro é o da mensuração de impacto porque ainda não temos uma caixa de ferramenta mais simples e poderosa para que empreendedores comprovem suas entregas e isso pode inibir a chegada de mais investidores. O segundo é a aproximação com grandes empresas, para que comprem, invistam ou apoiem os negócios de impacto. O terceiro diz respeito a compras públicas e à capacidade dos governos de fazerem uso, com segurança jurídica, das inovações dos negócios de impacto no atendimento à população. E o quarto, transversal aos demais, é a comunicação e a nossa capacidade de apresentar esse ecossistema de forma mais clara, e em escala nacional, para mais empreendedores, mais investidores, mais gestores públicos, mais líderes corporativos, etc.
Boletim ICE – Que caminhos já podem ser vislumbrados para a superação desses obstáculos?
Diogo – Temos diversas iniciativas que têm enfrentado esses desafios com abordagens diferentes. E não digo apenas as iniciativas apresentadas neste relatório, que traz um apanhado de novidades – novas ou reconfiguradas – em 2018, mas experiências em curso já há alguns anos ou até experiências internacionais que temos acompanhado. No caso da mensuração de impacto, por exemplo, vale citar o projeto Impact Weighted Accounts, liderado pela Harvard com apoio do Global Steering Group for Impact Investment, cuja meta é gerar uma metodologia padrão de indicadores de impacto que possa ser incorporada pelas empresas justamente junto à sua contabilidade financeira. Em relação às grandes empresas, temos observado diversos processos pilotos de corporações que premiam, aceleram, injetam capital ou mentoram startups de impacto. A Aliança pretende lançar nos próximos meses uma publicação com dez desses cases para inspirar caminhos futuros. É assim que temos trabalhado: reconhecendo o que já existe, fazendo essa informação chegar até novos atores e apoiando-os para que atuem pelos investimentos e negócios de impacto.
Confira o relatório em primeira mão! http://bit.ly/Rel2018AliancaImpacto