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Investimento de impacto avança no Brasil e na América Latina
*Artigo de Beto Scretas para o Boletim ICE
Uma indústria em crescimento constante é o que revela o Panorama do Setor de Investimento de Impacto na América Latina, estudo feito pela Aspen Network of Development Entrepreneurs (ANDE), em parceria com a Latin American Private Equity & Venture Capital Association (LAVCA) e LGT Impact Ventures.
Os números apontam para um setor que ganha crescente importância. Segunda a pesquisa, o número de investidores de impacto com sede na América Latina soma 28 e administram cerca de US$ 1,2 bilhão em ativos. Investidores de impacto com sede fora da América Latina que fizeram investimentos na região são 31 e administram US$ 7,2 bilhões em ativos. Os participantes da pesquisa declararam ter investido US$ 1,3 bilhão em 2014 e 2015 em 522 operações de investimento de impacto. A expectativa para 2016 é bem otimista, a previsão é que sejam investidos cerca de US$ 800 milhões.
Há razões, portanto, para otimismo, em razão do aumento registrado pelo estudo do número de investidores que buscam conciliar o uso do capital com seus valores, tendência que atrai investidores individuais, instituições de desenvolvimento financeiro, fundações e até mesmo governos e investidores institucionais.
Dados sobre o Brasil também mostram um quadro positivo. O número de investidores que atuam no segmento de impacto no Brasil cresceu de 22 (em 2014) para 29 (em 2016). O total de recursos administrados por esses investidores somou US$ US$ 186 milhões, comparado a US$ 177 milhões registrados em 2014. O crescimento não expressivo do valor administrado deve-se a fatores como a crise política e econômica, a desvalorizacão do Real e a saída de um investidor importante nesse período. Há, no entanto, um enorme potencial de crescimento desse valor quando observamos os dados de países com características socioeconômicas semelhantes a nossa. Um exemplo, o valor administrado por empresas de impacto que atuam exclusivamente no México somou US$ 392 milhões. Esse valor é mais do que o dobro do montante administrado no Brasil, enquanto nossa economia (medida pelo PIB) é 50% maior do que a mexicana.
Outras informacões interessantes sobre o Brasil apresentadas no estudo. Foram realizados 48 investimentos de impacto no país, totalizando US$ 70 milhões. Os principais setores para investimentos de impacto no país são saúde, educação e inclusão financeira. No que diz respeito aos instrumentos financeiros usados, o preferido é equity (67%), seguido de dívida (52%), obrigações conversíveis (41%) e outras formas de investimentos (22%). A expectativa de retorno financeiro é bem elevada, cerca de 50% dos investidores esperam um retorno anual líquido superior a 16%.
Randall Kempner, diretor da ANDE, considera encorajador o crescimento da indústria de investimento de impacto na América Latina, mas lembra, com razão, que para ultrapassar essa fase inicial é necessário encontrar novas maneiras de envolver grandes e tradicionais investidores, corporações e bancos regionais, além de procurar formas eficientes de ajudar mais empresas de impacto a ficar prontas para investimento.
Confira aqui o estudo na íntegra
Beto Scretas – Formado em Economia pela FEA-USP em 1986. Atuou por 25 anos no mercado financeiro, com foco em mercado de capitais. Trabalhou de 1994 a 2012 na Schroder Investment Management Brasil – filial da firma inglesa de gestão de recursos Schroders PLC – tendo sido seu Diretor-Presidente por 10 anos. Desde junho de 2012 atua no Instituto de Cidadania Empresarial (ICE), participando de projetos ligados à área de financas sociais e negócios de impacto. Faz parte da Diretoria Executiva da Força Tarefa Brasileira de Finanças Sociais, lançada em maio de 2014.