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Estudo inédito revela desafios dos negócios brasileiros de impacto social e ambiental
O 1º Mapa de Negócios de Impacto Social + Ambiental do Brasil, conduzido pela Pipe.Social, revelou que atrair investidores e obter capital são as maiores dificuldades enfrentadas pelas empresas ouvidas na pesquisa. O estudo contou com o patrocínio da Força Tarefa de Finanças Sociais, do Itaú e do Centro de Inovação para a Educação Brasileira (CIEB). A íntegra da pesquisa – apresentada no dia 12 de junho, em São Paulo (SP) está disponível para download em www.pipe.social/mapa2017.
O levantamento é inédito e foi estruturado para investigar em profundidade os desafios e oportunidades na área de negócios de impacto, além de obter informações consistentes sobre os empreendedores que estão construindo e fomentando esse novo setor da economia. A Pipe.Social é uma vitrine de negócios sociais que surgiu com o desejo de provocar conexões de impacto no Brasil. Uma plataforma para que negócios de impacto sejam vistos e também se reconheçam dentro do universo de possibilidades que o ecossistema hoje oferece.
Idealizado e desenvolvido por Carolina Aranha, Mariana Fonseca e Lívia Hollerbach, sócias-fundadoras da Pipe.Social, o Mapa conta com uma pesquisa quantitativa – focada em 579 negócios de impacto social das áreas de Educação, Saúde, Finanças Sociais, Cidadania, Cidades e Tecnologias Verdes. A equipe aprofundou os resultados da fase quantitativa com entrevistas para entender os aspectos relevantes do perfil e dinâmica dos negócios. Na base das reflexões, o propósito foi buscar inspirações e boas práticas que possam ser compartilhadas entre os empreendedores.
Para montar um retrato geral do setor, a Pipe.Social articulou cerca de 40 organizações que somaram esforços para entender melhor o pipeline atual e as demandas e oportunidades dos negócios nos diferentes estágios de maturação. Além da Pipe.Social, Itaú, Cieb e Força Tarefa de Finanças Sociais, a iniciativa teve como parceiros: Acelera Partners, Amani Institute, ANDE, Anprotec, Artemisia, Baanko, Bemtevi, BioStartup Lab, Capitalismo Consciente CESAR, Comitê CleanTech, Din4mo, Endeavor, ICE, Impact Hub, InovAtiva de Impacto, Kaleydos, Libria, MOV Investimentos, NESsT, Pillow, ponteAponte, Plug, Innovaction Institute, Instituto Quintessa, Inspirare e Apreender, Sistema B, SITAWI, Social Good Brasil, Start-Ed, Vox Capital, Worth a Million e Yunus Negócios Sociais.
A pesquisa mostra que 40% das empresas entrevistadas têm menos de três anos de atuação; 70% dos negócios estão formalizados; 90% contam com equipe própria acima de dois funcionários (sendo 19% equipes próprias acima de dez funcionários); 58% foram fundadas somente por homens; 20% possuem somente mulheres como fundadoras. Na análise geográfica, 63% estão no Sudeste; 20% no Sul; 9% no Nordeste; 3% no Norte; e 3% no Centro-Oeste. A concentração está em negócios de impacto social na área da Educação (38%); em segunda posição, 23% dos negócios são Tecnologias Verdes; 12% atuam na área de Cidadania; 10% em Saúde; 9% em Finanças Sociais; e 8% em Cidades. Esses indicadores foram obtidos a partir da pergunta aberta: “Que problema seu negócio resolve no mundo?”
Confira abaixo a entrevista de Carolina Aranha ao ICE Notícias:
Qual é o principal desafio para os empreendedores que a pesquisa apontou?
O principal desafio para 46% dos empreendedores entrevistados é obter capital, encontrar um investidor disposto a colocar dinheiro na empresa principalmente na sua fase inicial. Os recursos financeiros na fase de ideação e organização da empresa são da ordem de até R$ 500 mil e chegam principalmente via rede próxima: investimento de Family, Friends e Fools (3F’s), editais do governo, incubadoras e aceleradoras. Nas fases mais maduras da jornada, apenas quatro em cada 10 negócios aumentam a faixa de captação para mais de R$ 1 milhão; na fase de escala, 16% dos negócios buscam acima de R$ 5 milhões. Nesse estágio, os recursos financeiros vêm de investidores-anjo, empresas privadas e investidores com base em contratos formais: corporate venture, venture capital, private equity e crowdequity.
Além de capital, as ajudas mais urgentes demandadas pelos empreendedores são mentoria (16%), comunicação (18%), networking (10%), estratégia do negócio (9%), busca de clientes/vendas (11%) e gestão do negócio/processos internos (11%). É um empreendedor mais maduro que consegue identificar os problemas que precisa resolver.
Qual é o desempenho financeiro dos negócios analisados?
Na análise do tracking do negócio, no último ano, a maioria – 35% dos negócios de impacto social – ainda não fatura; 31% faturaram até R$ 100 mil no último ano; 13% entre R$ 101 mil e R$ 500 mil; 6% entre R$ 501 mil e R$ 1 milhão; 5% entre R$ 1,1 milhão e R$ 2 milhões; e 7% acima de R$ 2,1 milhões. Esses números mostram que esse é um mercado emergente, mas já bastante estruturado, com negócios que são escaláveis.
A desigualdade de gêneros foi outra questão apontada pelo Mapa?
As mulheres são minoria nos negócios de impacto social, o que contrariou nossas expectativas. Somente 20% das empresas com esse perfil são fundadas e lideradas por mulheres. Os homens são os fundadores de 58% das empresas. Apenas 14% das empresas fundadas por mulheres receberam mais de 500 mil reais no último ano. Enquanto isso, 67% dos negócios liderados por homens conseguem lucrar acima deste valor.
A liderança masculina é ainda mais forte dentro dos negócios que focam em soluções para as cidades – 64% dos 108 negócios nessa vertical – e tecnologias verdes (62% dos 176 negócios nessa vertical). Por outro lado, as mulheres lideram na questão de maior comprometimento com a definição e acompanhamento do impacto socioambiental. Entre os 291 negócios focados unicamente ou também na área de Educação, 52% têm entre os fundadores só homens e 22% só mulheres.
Os empreendedores avaliam o impacto social dos seus negócios?
A percepção do impacto social é clara para 43% dos entrevistados que sinalizam o propósito em toda a comunicação externa do negócio. Mas para 31% dos empreendedores, ainda não estão definidos os indicadores de impacto para que possam medi-lo; 28% definiram indicadores, mas ainda não medem o impacto de maneira formal.
Negócios fundados só por mulheres tendem a se comprometer mais com a definição e acompanhamento do impacto. Na prática, na liderança feminina há uma maior tendência a se comunicar mais e a definir indicadores para a medição do impacto social e ambiental. Entre as 113 empresas lideradas somente por mulheres, 48% afirmam que o propósito está presente em toda a comunicação externa; 34% afirmam que definem indicadores, ou seja, há impacto social e ambiental monitorado. Entre os homens, os índices são 41% e 26%, respectivamente.
Como a questão da tecnologia foi identificada no estudo?
O mercado conta atualmente com muita coisa, há uma verdadeira revolução à vista. Mas, no geral, é baixa a conexão das tecnologias disponíveis com os negócios de impacto. O Mapa mostrou que o uso das tecnologias disruptivas é muito restrito. Só 10% dos negócios falam em usar big data, só 2% usam impressão 3D, só 2% usam robótica, só 3% estudam plataforma adaptativa. São índices muito baixos frente ao potencial de transformação que as tecnologias podem oferecer. Há uma sensação de que empreendedores estão perdendo oportunidades de desenvolvimento, de dar grandes saltos com um maior impacto. Há caminhos já testados, mais fáceis, que poderiam ser usados.