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Sense-Lab e ICE lançam guia para orientar conciliação entre receita e impacto
Material explora diferentes modelos de negócio de impacto e apresenta exemplos práticos de organizações que estão tendo êxito no desafio.
Quais são os mecanismos que de fato possibilitam que um negócio consiga gerar o impacto social ou ambiental positivo relevante para o qual foi criado de forma financeiramente sustentável? Esta pergunta motivou o Sense-Lab a reunir o conhecimento acumulado em cinco anos de trabalho com a temática de Negócios de Impacto à experiência de empreendedores, aceleradoras, incubadoras, membros da Academia e outros atores, num processo de cocriação do guia Inovação em Modelos de Negócio de Impacto.
Produzido com apoio do Instituto de Cidadania Empresarial (ICE), Fundação Telefônica Vivo e Instituto Humanize, o guia destaca quatro mecanismos Receita + Impacto que podem ser usados por uma organização para unir resultado financeiro e impacto: 1. Impacto no Cliente; 2. Impacto na Cadeia; 3. Impacto como Serviço; e 4. Impacto como Subsídio. Para entender cada um deles, é preciso ter em mente que o impacto gerado pelo produto ou serviço pode se dar em diferentes pontos da cadeia de valor de um negócio.
“Na experiência do Sense-Lab com Negócios de Impacto temos observado os 4 mecanismos em exemplos reais de negócios brasileiros. Acredito que a venda direta para o cliente [grupo 1 de mecanismo Receita + Impacto] representa bastante o mercado de impacto, uma vez que se propõe a posicionar o público impactado não apenas como um beneficiário, mas como comprador da solução. E isso é relevante porque boa parte das ofertas tradicionais do mercado não olham com tanta atenção para esse nicho.” comenta Eduardo Toshio, da equipe de consultores Sense-Lab. “Mesmo assim, acreditamos que todos os grupos de mecanismos possuem potencial de serem explorados, a escolha de um ou outro depende muito de onde está o público que o negócio quer impactar e a solução – produto ou serviço – ofertada.” conclui ele.
Oficinas de cocriação
Para apoiar a criação e validação do conteúdo do guia, o Sense-Lab realizou, no início de 2019, uma oficina de cocriação com empreendedores e professores acadêmicos de diversas partes do Brasil. “O Sense-Lab acredita que a multiplicidade de olhares, visões e opiniões torna um processo de construção (como é o caso do Guia) muito mais rico, sem que fique caracterizado apenas pela posição dos autores”, comenta Eduardo. Na oficina, a equipe do Sense-Lab apresentou cada um dos mecanismos e pode validar suas hipóteses com os participantes, testando também a pertinência do conteúdo para as diversas regiões do país representadas no encontro.
Uma das participantes que contribuiu no processo de criação do Guia foi a professora Aurélia Adriana de Melo, da Escola de Gestão e Negócios (EGN) da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS), integrante do Núcleo de Empreendedorismo e Inovação (NEI) e do Grupo de Pesquisa em Dinâmica Econômica da Inovação (GDIN).
Aurélia já utilizou o guia Inovação em Modelos de Negócio de Impacto em diferentes situações. “Pedi autorização para o Sense-Lab para utilizar o guia em um curso de extensão que estava projetando. Queria fazer esse teste com empreendedores para saber se o conteúdo realmente se relacionava com o que eles estavam fazendo. Também apresentei para uma colega de docência. Foi muito bom porque ela disse que agora consegue enxergar com mais nitidez quem são seus clientes e seus beneficiários na cadeia de valor”, explica.
Muito engajada com empreendedorismo e negócios de impacto no meio acadêmico, a professora comenta sobre a confusão que ainda existe entre os alunos sobre termos do campo. “Discutir negócios de impacto ainda é complicado. Quando estamos apresentando o campo para os alunos, ainda há uma confusão relacionada ao fato de estes negócios estarem resolvendo um problema social, o que na visão deles é de responsabilidade apenas do governo ou de organizações da sociedade civil”.
Ela reforça ainda que existe também a dificuldade em diferenciar cliente e beneficiário, um ponto importante trabalhado pelo guia. “Os modelos que o Sense-Lab traz provam que, às vezes, beneficiários e clientes são a mesma pessoa, mas em outros casos não são. E é preciso entender como devemos fazer a comunicação correta com cada um deles.”
É considerando esse cenário de desconhecimento ou conhecimento básico que o guia torna-se uma ferramenta importante de esclarecimento.
“Acredito que ainda existe um desafio grande na integração dos negócios de impacto socioambiental com negócios que não o são. É nesse contexto que a produção de um conhecimento palatável é necessária. Queremos que os conceitos sejam passíveis de difusão”, comenta.
Para quem? Para todos.
No guia Inovação em Modelos de Negócio de Impacto, o conceito de negócios de impacto é apresentado juntamente com os quatro princípios que os diferenciam de empresas tradicionais e organizações da sociedade civil (OSCs) sem estratégias de geração de renda. São eles: ter um propósito claro de gerar impacto socioambiental positivo, conhecer e avaliar seu impacto regularmente, operar com receita própria advinda da venda de produtos ou serviços e estabelecer um modelo de governança que considera as diversas partes interessadas.
Com foco no Negócios de Impacto e seus desafios, o guia dialoga com diferentes fases da jornada empreendedora, podendo ser usado tanto por organizações que estão na etapa de criação do produto ou serviço quanto por aquelas que estão revisando a pertinência do seu modelo de negócio. Além de ser um conteúdo útil no desenvolvimento interno do negócio, o material também pode ser utilizado por organizações em transição para a lógica de negócio de impacto, aceleradoras e incubadoras, investidores de impacto, professores universitários que atuam no tema e organizações de fomento.
Disponibilizado online, o material foi lançado com o selo de licença creative commons que permite a distribuição gratuita, adaptação e complementação do conteúdo.
Foto por Sense Lab