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FIIMP 2 aposta no papel das organizações intermediárias para fomentar o setor de impacto no Brasil. Conheça as iniciativas
Nos dia 19 e 20 de setembro, as seis organizações apoiadas pela segunda rodada de investimentos estiveram reunidas com os institutos, fundações e empresas para o planejamento do novo ciclo de trabalho do grupo.
Em 2016, durante o Lab de Inovação em Finanças Sociais realizado pela Força Tarefa Brasileira de Finanças Sociais – atual Aliança pelos Investimentos e Negócios de Impacto -, um grupo de 22 institutos e fundações se constituiu com um propósito: investir de forma conjunta em negócios de impacto com o objetivo de experimentar e aprender mais sobre os desafios do setor nas diversas fases da jornada empreendedora. A experiência foi tão positiva, que diversos membros do grupo, além de outras organizações, manifestaram interesse em realizar uma segunda rodada de investimentos e aprendizagem a partir dos ensinamentos colecionados ao longo da primeira.
Além de avançar nos aprendizados, essa nova fase permitiu renovar e ampliar o perfil do grupo, incluindo não apenas institutos e fundações, mas também organizações públicas nacionais e internacionais de fomento e empresas.
No início de 2019, o FIIMP 2 (Fundações e Institutos de Impacto) compôs um fundo de aproximadamente R$ 1,1 milhão com a participação de 19 institutos, fundações e empresas: Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), BMW Foundation, British Council, Fundação Banco do Brasil, Fundação Grupo Boticário, Fundação Tide Setúbal, Fundo Vale, Gerdau, Instituto C&A, Instituto de Cidadania Empresaria (ICE), Instituto Clima e Sociedade (ICS), Instituto Dynamo, Instituto GPA, Instituto Humanize, Instituto InterCement, Instituto Lab60+ Semente Oré, Instituto Sabin, Instituto Vedacit e Instituto Votorantim. O grupo conta com o suporte técnico da Aoka Labs e do GIFE – Grupo de Institutos Fundações e Empresas, além do apoio à gestão financeira do Instituto Phi.
Na busca por instituições que pudessem ajudar o grupo a entender melhor as dores e oportunidades em cada etapa de desenvolvimento dos negócios, o FIIMP 2 selecionou seis organizações intermediárias do ecossistema de impacto – que apoiam o desenvolvimento dos negócios -, observando a diversidade do conjunto em seus modelos de trabalho e territórios de atuação e nas temáticas e fases da jornada dos negócios apoiados. São elas: Choice, Din4mo, Fundo Éditodos, Parceiros pela Amazônia (PPA), Semente Negócios e Vale do Dendê.
Ao longo de dois anos (2019/2020), as organizações receberão apoio técnico e financeiro. Um percentual do valor total será doado ao intermediário – visando o fortalecimento do campo – e outro será destinado ao investimento em negócios de impacto.
Celia Cruz, diretora-executiva do ICE, avalia a segunda rodada como muito positiva. “Aumentamos nosso repertório e nos abrimos para escutar as necessidades dos intermediários. É um espaço de confiança e aprendizado crescente.”
Nos dias 19 e 20 de setembro, as seis organizações estiveram reunidas em São Paulo com os institutos, fundações e empresas que compõem o FIIMP 2 para o planejamento do novo ciclo de trabalho do grupo. O workshop foi uma oportunidade de integração e troca entre os participantes e de refinamento dos planos de trabalho da nova rodada.
Confira a seguir uma síntese da exposição de cada uma das iniciativas durante o evento.
Choice: avaliando o terreno
O Choice UP é um programa de pré-aceleração do Movimento Choice voltado a jovens empreendedores de negócios de impacto socioambiental em estágio inicial. Nas fases de imersão, desafio e demoday (bateria de curtas apresentações ou pitchs) os participantes avaliam seu modelo de negócio e impacto social, sua proposta de valor, estratégia e equipe sob a orientação de profissionais da área e empreendedores. Tudo isso em apenas duas semanas.
Um dos principais diferenciais implementado pelo Choice foi investir em uma pesquisa de campo para conhecer ecossistemas fora do tradicional eixo Rio-São Paulo. “Nosso desafio era entender a maturidade do campo, em especial nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste. Conversamos com diversos atores estratégicos dessas localidades e decidimos focar o trabalho em dois polos: Brasília (DF) e Campina Grande (PB). Nossa comunicação já alcançou mais de 170 mil pessoas nas redes sociais e conseguimos 33 soluções inscritas. Agora, estamos nos preparando para a fase de imersão com os proponentes selecionados”, conta Lucas Bernar, diretor de Novos Negócios do Choice.
Din4mo: potencializando captação
Entre 129 inscrições, a Din4mo selecionou quatro startups com faturamento acima de R$ 250 mil para receber consultoria em estruturação de captação. Ao final de três meses, duas dessas iniciativas serão investidas.
Gabriela Leite, da Din4mo, conta que entre os resultados esperados para as startups estão a simplificação do processo de captação, acesso a um pool mais amplo de investidores de impacto e capacidade de declarar com mais propriedade seu modelo de negócio e tese de impacto, bem como ampliação das chances de investimento futuro e escala.
“Para o investidor de impacto, vislumbramos a diluição do risco por investimento, aprendizado através de uma estrutura de crowdequity, além da possibilidade de contar com uma estrutura formal de acompanhamento de resultados”, explicou.
Fundo Éditodos: unindo forças
Coalização formada por 12 entidades – entre OSCs, aceleradoras e negócios sociais – que se uniram com o objetivo inicial de captar recursos por meio de um fundo de investimento próprio. Nos últimos anos, o grupo vem se organizando e buscando oportunidades para estruturar-se como fundo propriamente dito.
Quatro organizações da coalização estão envolvidas, com empreendedores da base da pirâmide, na execução das atividades do FIIMP 2: Afrobussiness/Conta Black, Agência Popular Solano Trindade, FA.VELA e Feira Preta.
A Agência Popular Solano Trindade investirá em microcrédito para empreendedores de gastronomia na Zona Sul de São Paulo e a Afrobussiness/Conta Black utilizará a mesma estratégia para potencializar a inclusão de empreendedoras negras na cadeia de valor de empresas parceiras.
A FA.VELA, por sua vez, vai estimular o comportamento empreendedor de 65 pessoas residentes nas favelas e periferias da região metropolitana de Belo Horizonte com a oferta de mentorias mensais que vão somar cerca de 90 atendimentos até a conclusão do projeto em 2020. Já a Feira Preta desenvolverá estratégia de escoamento de produção e mobiliário especial para exposição de produtos em espaços de comercialização, como shoppings de São Paulo, Brasília e Belo Horizonte.
Além dos recursos aportados pelo FIIMP 2, o grupo captou R$ 40 mil, com o ICE e com a Aceleradora Vale do Dendê, que será destinado ao processo de formalização e institucionalização do Fundo.
“As organizações que se uniram em torno da ideia do Fundo Éditodos têm como desafio criar, trabalhando em rede, uma nova instituição, enquanto correm atrás de seus projetos. A parceria com o FIIMP 2 nos oferece um espaço de trocas muito valiosas para refletir sobre essa coalizão, que precisa de outras estratégias para dar certo. Entre elas, o advocacy frente a políticas públicas, a diversificação de fontes de recursos e o aumento dos recursos com um novo paradigma, que nos coloque no papel de proponente que entrega uma tecnologia social”, explicou Adriana Barbosa, da Feira Preta.
Segundo Celia, acompanhar o amadurecimento da ideia do Fundo Éditodos é um aprendizado muito rico para o grupo de instituições que fazem parte do FIIMP2. “No final das contas, o impacto pode ser até maior do que o esperado e perdurar com o progresso da coalizão.”
Parceiros pela Amazônia: em busca de novos modelos de desenvolvimento
Do total de 201 inscritos, 38 negócios foram classificados para a próxima fase da Chamada de Negócios da Plataforma Parceiros pela Amazônia (PPA) 2019, que concorrem à participação em rodada de negócios com investidores para aporte financeiro de até R$ 800 mil e a vagas no Programa de Aceleração da PPA. O programa inclui capacitações temáticas presenciais, mentorias personalizadas, coworking, assessorias jurídica, contábil, em marketing e branding, além de bolsas para participação em formações e eventos. A demanda total de investimento dos negócios inscritos é de R$ 187 milhões.
Mariano Cenamo, coordenador-executivo da PPA, destaca a importância do elemento de inovação nos negócios. “Para gerar impacto hoje na Amazônia tem que sair do arroz com feijão porque é isso que está destruindo a floresta.”
Viabilizar e fomentar melhorias para a cadeia de valor da Amazônia – logística, comercialização e serviços estruturantes – está entre os desafios apontados pelo coordenador.
Semente Negócios: foco na diversidade
A organização apresentou o “Acelera – Inovação Social”, uma iniciativa 100% online, com duração de seis meses, que visa preparar negócios de impacto para captação de investimento. Atualmente, a ação está em fase de mobilização e comunicação para captar inscrições.
Márcio Jappe, CEO da Semente, explica uma decisão tomada sobre linguagem e narrativa. “Escolhemos o termo ‘inovação social’ e não ‘negócio de impacto’ para acolher iniciativas diversas do campo. Foi uma escolha consciente que até agora tem se mostrado acertada.”
Fábio Deboni, gerente-executivo do Instituto Sabin e um dos padrinhos da iniciativa, analisa o formato. “O que diferencia a proposta da Semente são três elementos que vão gerar aprendizados para o campo: o foco na preparação para captação de investimentos, a mistura no mesmo programa de diferentes CNPJs (organizações da sociedade civil, empresas, etc.) e o modelo basicamente online. É uma experiência para tirar todo mundo da zona de conforto mesmo.”
Vale do Dendê: acelerando a Economia Criativa
Com o apoio do FIIMP 2, a aceleradora selecionou 30 empreendedores para a segunda rodada de aceleração de negócios de Economia Criativa. Após a primeira etapa de pré-aceleração, dez negócios vão receber consultorias, mentorias e participar de atividades de formação nos meses de outubro e novembro. No dia 29 de novembro, durante o demoday, cinco negócios serão escolhidos para receber investimento.
A novidade dessa nova rodada será a possibilidade de somar aos recursos do FIIMP 2 um aporte via plataforma de matchfunding. Cada empreendimento receberá, por meio da Vale do Dendê, R$ 10 mil como capital-semente e poderá multiplicar esse valor por meio de uma campanha de financiamento colaborativo.
“É muito importante para a Vale do Dendê participar dessa jornada de aprendizagem entre institutos privados e grandes fundações empresariais. No FIIMP 2, temos pessoas que estão dentro das organizações olhando para o empreendedorismo social e de impacto com sensibilidade, olhar estratégico e muita vontade de apoiar. Aqui conversamos de igual para igual e estamos criando uma rede de trabalho realmente conectada com a ponta”, observou Paulo Rogério Nunes, cofundador da Vale do Dendê.