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ICE na Conferência ANDE 2019: rede global mobilizada com maior representatividade do continente africano
Samir Hamra, gestor de programas do Instituto, compartilha os grandes temas e suas impressões sobre o evento e aponta conexões com a agenda brasileira de desenvolvimento.
O ICE esteve presente na Conferência ANDE 2019, realizada na Virgínia, nos Estados Unidos. O evento reúne anualmente investidores e lideranças de fundações, bancos, corporações e instituições financeiras e de pesquisa de todo o mundo membros da Aspen Network of Development Entrepreneurs (ANDE) – Rede Aspen de Empreendedores de Desenvolvimento.
A ANDE é uma rede global de organizações que impulsionam o empreendedorismo em países em desenvolvimento por meio de apoio financeiro, educacional e comercial com base na convicção de que esses negócios podem ajudar a tirar os países da pobreza, criando empregos, estimulando o crescimento econômico no longo prazo e produzindo benefícios ambientais e sociais.
No ano em que a ANDE completa dez anos de trajetória, o evento reuniu cerca de 400 participantes para um diálogo sobre soluções e desafios comuns e networking.
“Duas coisas me chamaram atenção. Existe um senso de pertencimento grande entre os membros da rede que facilita muito as trocas e faz com que elas aconteçam de forma muito aberta e franca. Outro destaque foi ver o continente africano muito bem representado, como nunca vi em outros eventos do campo”, observa Samir Hamra, gestor de programas do ICE.
Aprendizados: oportunidades e desafios para o campo de impacto no Brasil
A programação deste ano foi conduzida por três pilares temáticos: Mudanças Climáticas, Crescimento Econômico e Inclusão de Gênero.
Nesse sentido, a ANDE decidiu alinhar sua atuação aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), focalizando seus esforços em cinco deles: ODS 5 – Igualdade de gênero; ODS 8 – Trabalho decente e crescimento econômico; ODS 13 – Ação contra a mudança global do clima; ODS 14 – Vida na água; e ODS 15 – Vida terrestre.
A partir dessas áreas, a rede atua em três temas que entende como prioritários: desenvolvimento de talentos, desenvolvimento de ecossistemas e financiamento.
“Estamos falando de negócios que precisam de equipes qualificadas e organizações que apoiem o desenvolvimento desses empreendimentos; da articulação necessária para construção e fomento ao campo; e da importância da inovação, flexibilidade e criatividade para o apoio no formato adequado tanto para os negócios, quanto para os investidores”, observa Samir.
Para o gestor de programas do ICE, os aprendizados convergem bastante com a atuação do Instituto no Brasil, a começar pelo tema do ecossistema. “O papel da ANDE é muito parecido com o papel desempenhado pelo ICE de ser a organização que atua para fortalecer o ecossistema de impacto no país. É interessante verificar essa tendência mundial, conectando, inclusive, parceiros em comum, como o D-Lab do MIT.”
Na cena do financiamento, Samir também pontua convergência com os debates brasileiros. “Também temos falado muito sobre a necessidade de inovar no tema do financiamento, com a criação de novos instrumentos e mecanismos que se adequem às necessidades do empreendedor e também às expectativas do investidor, principalmente no âmbito do binômio risco-retorno. Temos caminhado na mesma direção e com desafios semelhantes, como, por exemplo, entender quem paga o custo da estrutura desses novos mecanismos. Temos muito a aprender com países como os Estados Unidos, que já testaram alguns caminhos e estão mais maduros. Foi uma oportunidade interessante de conhecer essas experiências que vão nos ajudar a amadurecer o debate nesse tema aqui”, conta.
Samir aponta ainda uma diferença de entendimento entre o Brasil e outros países no que se refere à relação da agenda de desenvolvimento com a agenda de impacto, o que, para ele, é um dos pontos onde o país precisa avançar.
“Grandes corporações que financiam a agenda de desenvolvimento têm olhado para o tema do impacto de forma muito relacional. Aqui no Brasil, as organizações ainda atuam muito pouco na agenda de impacto, sem contar a pouca interação que dedicamos aos ODS. Internacionalmente, também existe um entendimento muito mais consolidado sobre a relação do impacto social e ambiental, uma visão mais holística. Isso não acontece de forma tão fluida aqui. O Brasil tem se colocado fora dessa conversa e está na hora de buscarmos nos aproximar mais dessa visão para que também consigamos atrair mais capital para a agenda.”