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A trajetória da Votorantim e de seu instituto no combate à crise
Em entrevista ao ICE, Ana Helena Vicintin e Cloves Carvalho falaram sobre a história do grupo, a relação com o ecossistema de impacto e as ações no cenário atual.
Como outros atores do investimento social privado no Brasil, que vêm se destacando no enfrentamento da Covid-19, a Votorantim anunciou a doação de R$ 50 milhões para o combate à disseminação do novo coronavírus. O valor foi destinado a instituições de saúde para a compra de kits de teste, respiradores e outros equipamentos.
Outros projetos, estes ligados ao Instituto Votorantim, também têm somado esforços para apoiar municípios vulneráveis na gestão e superação da crise. O Programa pela Valorização da Educação (PVE) e o Programa de Apoio à Gestão Pública são alguns exemplos de iniciativas que a organização redirecionou para responder ao novo contexto.
O Instituto tem cultivado interface com o campo de impacto, buscando a parceria com o negócio de impacto Movve, por exemplo, para desenvolver o Índice de Vulnerabilidade Municipal (IVM). A ferramenta permite cruzar dados da população do município, da estrutura de saúde e do histórico de doenças com a parte fiscal e financeira e, com isso, apontar onde estão as prioridades. A empresa é um dos 16 negócios investidos do Portfólio ICE-BID.
O ICE conversou com Ana Helena Vicintin, vice-presidente do conselho deliberativo do Instituto Votorantim, e Cloves Carvalho, diretor-presidente do Instituto Votorantim.
Integrante da família que deu origem à empresa, Ana Helena é uma das primeiras associadas do ICE e falou sobre a jornada em busca de impacto social. Cloves, por sua vez, contou como o Instituto Votorantim está se posicionando e atuando diante da crise que vive o Brasil.
Confira a entrevista na íntegra.
ICE – A atuação da família que construiu e herdou a empresa Votorantim em prol de causas e transformações sociais vem de longa data. Que destaques você apontaria olhando para essa trajetória?
Ana Helena – A atuação na área social é antiga, desde o fundador português Pereira Inácio, meu bisavô. Ele sempre teve um olhar muito atento para as necessidades das pessoas que trabalhavam na empresa e moravam nas comunidades ao redor. Isso serviu de exemplo para as outras gerações e para a família Moraes, que assumiu posteriormente a empresa.
ICE – Como essa trajetória se conecta e se relaciona com sua atuação como associada ao ICE? Que oportunidades, aprendizados e reflexões a relação com o Instituto e seus associados gerou em termos de maior impacto?
Ana Helena – Eu comecei a atuar no ICE antes de criarmos o Instituto Votorantim. O ICE para mim foi a primeira janela para a área social. No começo, eu não conhecia muito e admirava o trabalho da Renata de Camargo Nascimento nessa área. O primeiro foco quando o ICE foi criado era exatamente chamar as empresas para atuarem com uma área de responsabilidade social mais estruturada. E quando a Votorantim chegou no seu momento de criar um instituto corporativo, já estava com essa vivência, o que foi muito importante. Além disso, eu acho que o ICE, ao longo do tempo, foi me mostrando novas possíveis áreas de atuação, pontos de atenção e novos caminhos.
ICE – Na sua avaliação, que papel as grandes empresas têm desempenhado (ou têm a desempenhar) frente os desafios impostos pela pandemia da Covid-19? E como você enxerga a interface desse papel com o setor do investimento social?
Ana Helena – Eu acredito que a Votorantim, como empresa cidadã, não pode ficar de fora, alienada sobre essa questão. Tem que haver um esforço conjunto das empresas com o poder público. É muito importante que todos nos envolvamos porque sozinhos não fazemos nada.
ICE – Recentemente, a Votorantim anunciou a doação de 50 milhões de reais para contribuir com o enfrentamento dos impactos da pandemia de Covid-19. Que outras iniciativas estão sendo realizadas ou pensadas pela empresa envolvendo também seu instituto?
Cloves – Frente aos desafios impostos pela pandemia, reestruturamos todos os projetos do Instituto. Cito com bastante destaque a reestruturação do Programa pela Valorização da Educação (PVE), que teve todas as suas atividades redirecionadas para apoiar os municípios com webinars diários que levam informação a fim de apoiar os secretários de educação e as escolas. Temos mais de 500 pessoas participando por dia desses encontros virtuais.
Outra iniciativa é a edição especial do Programa de Apoio à Gestão Pública, que se volta, de maneira mais estruturada, ao apoio às prefeituras na área de saúde, oferecendo suporte a pequenos municípios mais vulneráveis durante ao menos quatro meses. A iniciativa inclui o apoio à criação de comitês de crise e à estruturação da comunicação sobre a pandemia para as populações e orientações sobre gestão de dados para mapeamento de bairros afetados, gestão eficiente das Unidades Básicas de Saúde, além de apoio ao equilíbrio financeiro dos municípios no pós-crise. Já estamos apoiando 86 municípios e temos potencial para aumentar nossa capilaridade. Além disso, temos ações voltadas à cidadania e à proteção da infância e adolescência, que é crítica nessa situação de isolamento social. Tenho certeza de que essa reestruturação abrirá um novo leque de atuação para o Instituto Votorantim.
ICE – Alguma das ações do Instituto Votorantim contempla apoio ao setor de negócios de impacto?
Cloves – Temos uma interface muito grande com várias empresas que fazem parte do ecossistema de impacto. O Índice de Vulnerabilidade Municipal (IVM), que está tendo ampla repercussão, foi construído em parceria com a Movve, que é um negócio de impacto. Essa parceria nos possibilitou oferecer um serviço público e gratuito para consulta sobre os municípios mais vulneráveis no atual cenário de pandemia. A ferramenta permite cruzar dados da população do município, da estrutura de saúde e do histórico de doenças com a parte fiscal e financeira e, com isso, saber, claramente, onde estão as prioridades.
Temos também em curso uma experiência-piloto com Telemedicina em dois municípios. Se tivermos bons resultados, poderemos levar para os demais municípios. É uma chance de evitar um fluxo enorme nas Unidades Básicas de Saúde, freando a contaminação. Vale a pena citar também o Desafio Aberto de Inovação que fizemos junto com Mining Lab em duas frentes: desafio da inteligência de dados nos municípios e desafio de proteção aos profissionais. Temos empresas do mundo todo se cadastrando nesse desafio. Já estamos com 137 inscritos.
Em resumo, todas as nossas ações conversam de perto com o ecossistema de impacto. Além disso, todas as ações terão suas medições de impacto e resultados. Queremos saber se conseguimos salvar vidas, diminuir o número de casos de infecção, enfim, traduzir as ações de forma mais concreta.
Temos um grande desafio: como podemos ser pró-ativos ao invés de reativos às demandas? Como usar a situação da pandemia como oportunidade para estruturar ações e deixar um legado ao setor no pós-crise?