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Série Portfólio ICE-BID: Sumá recebe novo aporte do ICE
Na última matéria da série, confira como a Sumá, negócio que conecta agricultores a grandes clientes, vem amadurecendo e enfrentando a crise gerada pela pandemia com resiliência e adaptabilidade.
Um dos negócios apoiados pela parceria entre o ICE e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), por meio do BID Lab, a Sumá acaba de receber um novo aporte do ICE. No valor de R$ 150 mil, o empréstimo possui prazo total de três anos, sendo um de carência, e taxa de juros Selic +2%.
O negócio, que conecta agricultores familiares a grandes compradores de alimentos, vem apresentando crescimento acelerado desde dezembro de 2019, tendo como principais clientes empresas que operam refeitórios industriais. Por meio do acesso a mercados mais justos, a missão da Sumá é proporcionar a possibilidade de permanência do agricultor familiar no campo.
“Trabalhamos com o conceito de propósito massivo transformador e acreditamos que o da Sumá está alinhado ao combate às desigualdades que a cadeia de alimentos gera em seu formato convencional. Propomos uma mudança no sistema ao aproximar quem planta de quem consome e, dessa forma, queremos contribuir para nutrir o sonho de um país mais unido”, defende Daiana Censi, cofundadora e membro da Direção Executiva da Sumá.
Apesar de a demanda ter sido afetada pela pandemia, a retomada dos negócios se deu de forma rápida e a empresa seguiu crescendo e ganhando novos clientes. Em março, um mentor foi alocado pelo ICE para apoiar o negócio na melhoria dos controles financeiros. A ação permitiu identificar a necessidade de algumas mudanças na estrutura de custos.
“Os empreendedores demonstraram profunda resiliência e adaptabilidade e foram rápidos em incorporar nossas sugestões, mas precisam de mais tempo e recursos para que as mudanças tragam resultado financeiro. Esse novo aporte do ICE contribuirá para que a Sumá atinja a sustentabilidade financeira de suas operações e, em 2021, esteja em uma situação favorável para captar uma rodada de investimento que viabilize a expansão do negócio e de seu impacto”, analisa Samir Hamra, coordenador do Portfólio ICE-BID.
“O novo aporte do ICE será direcionado à eficientização da operação atual e à diversificação dos clientes para ampliar as margens dos contratos, buscando construir cadeias locais de abastecimento mais fortes e resilientes”, conta Daiana.
Atualmente, 43 famílias comercializam por meio da Sumá. Muitas delas têm como principal fonte de renda o fornecimento de alimentos para a merenda escolar. No segundo trimestre de 2020, as 43 famílias alcançaram uma receita média mensal de R$ 2.351 em contratos com a Sumá. “Em um momento delicado, com a suspensão das aulas, a Sumá as permitiu escoar a produção, garantindo renda digna e qualidade de vida em meio às incertezas da pandemia”, ressalta Samir.
Para Luiz Masagão Ribeiro, presidente do Conselho Deliberativo do ICE, o Portfólio ICE-BID continua trazendo boas surpresas mesmo com a pandemia. “Quando montamos o Portfólio ICE-BID, sabíamos dos riscos, tendo em vista a alta taxa de mortalidade de negócios em estágio inicial, mas estávamos confiantes nas ideias desses empreendedores. Com a pandemia, redobramos o acompanhamento dos negócios, concedendo extensão da carência para alguns empreendimentos. Apesar dos desafios, tivemos casos de pagamento antecipado do empréstimo – em virtude do crescimento do negócio que pode justamente contribuir com o enfrentamento da crise -, além de empresas que amortizaram parcelas nesse período. À Sumá, além dessa extensão, resolvemos conceder também um aporte adicional por observar que o negócio estava decolando antes da pandemia e precisava desse recurso para promover as mudanças a fim de manter esses resultados.”
Importância do aporte inicial
Após ser selecionado pela Chamada ICE-BID, o negócio obteve reconhecimentos internacionais, tais como MIT Inclusive Innovation Challenge (2018), MAN Impact Accelerator & Yunus Social Business (2019) e, mais recentemente, Santander X Tomorrow Challenge (2020). Daiana explica que essas certificações apoiaram a definição de hipóteses e sua validação dentro da operação.
“Também realizamos uma pivotagem em relação ao foco inicial de clientes do negócio – restaurantes e hotéis – e estruturamos uma operação robusta com o mercado de food service, em especial com fornecimento para hospitais e refeitórios de indústrias, canal de compras ainda pouco explorado pela agricultura familiar. A pivotagem trouxe diversos aprendizados para a equipe da Sumá e para a cadeia de suprimentos como um todo. A operação teve início com 18 toneladas/mês em dezembro de 2019 e já atingiu uma média mensal de 60 toneladas”, comemora.
A diretora destaca ainda o amadurecimento dos fundadores do negócio, conquistado por meio das mentorias proporcionadas pela Chamada, especialmente em temas como Estratégia, Finanças e Impacto.
“A parceria ICE-BID foi a primeira iniciativa fora de Santa Catarina a acreditar no nosso negócio. A Sumá não está situada no eixo padrão de inovação e empreendedorismo do país: nossa sede fica no Vale do Itajaí. A chancela da Chamada ICE-BID proporcionou uma abertura de networking em São Paulo, bem como na América Latina, por meio do BID, que contribuiu com a evolução do negócio e de seus fundadores. O empréstimo garantiu o desenvolvimento de aspectos importantes para a tração da operação atual, tais como os padrões de qualificação dos agricultores para atendimento aos requisitos de mercado, os procedimentos de gestão e controle e a base da plataforma para os técnicos rurais” conta Daiana.
Desafios e aprendizados
Os primeiros desafios com o qual o negócio se deparou estavam diretamente relacionados com a adequação do produto ao mercado, tanto para os agricultores, quanto para os clientes finais. Em um segundo momento, quando a empresa passou a demonstrar certa tração, o principal desafio passou a ser eficientizar a operação para buscar escalabilidade.
Nessa etapa, Daiana conta que os fundadores passaram a sentir a necessidade de se desvincular da dimensão operacional para pensar melhor o negócio.
“O modelo de negócio da Sumá se propõe a atuar na cadeia de suprimentos de ponta a ponta, equalizando a qualificação dos produtores, a estruturação do abastecimento, a montagem e expedição dos pedidos, a logística de entregas, além do comercial para abertura de mercados. Essa amplitude gera desafios em diversas áreas e demanda expertises diferenciadas. As mentorias nos permitiram refletir sobre esse modelo de negócio e as repercussões das estratégias adotadas para calcular o futuro”, explica.
Perspectivas
“Escalar, por meio de eficiência operacional, gestão e tecnologia, uma operação que hoje conta com 43 famílias, 1 cooperativa (120 associados), 1 unidade-escola a ser replicada como franquias sociais, 4 motoristas e 21 clientes. Esse cenário é a nossa perspectiva para o futuro”, observa Daiana.
Para a Sumá, o novo aporte do ICE significa acreditar nessa nova etapa da empresa: “Acreditamos que esse recurso certifica que tomamos decisões difíceis como fundadores durante esse período, mas que não perdemos de vista o propósito maior da Sumá: promover impacto, mesmo que para isso precisemos rever nossas estratégias e mudar percepções durante o caminho.”