This website uses cookies so that we can provide you with the best user experience possible. Cookie information is stored in your browser and performs functions such as recognising you when you return to our website and helping our team to understand which sections of the website you find most interesting and useful.
Aliança pelo Impacto constrói recomendações para os próximos cinco anos
ATUALIZADA EM 09/10/2020
As 15 diretrizes elaboradas para o período 2015-2020 darão lugar a novas metas para o desenvolvimento do campo de investimentos e negócios de impacto.
Fortalecimento de incubadoras e aceleradoras, entrada de indivíduos e famílias de alta renda, expansão e capitalização de fundos socioambientais rotativos, criação e adoção de formatos inovadores para investimento e realização de avaliações de impacto são algumas das 15 recomendações feitas em 2015 pela Aliança pelos Investimentos e Negócios com o objetivo de promover avanços no ecossistema de impacto brasileiro até 2020.
Com a proximidade do término do período, a Aliança deu início a três processos quase simultaneamente: o mapeamento de iniciativas inovadoras desenvolvidas pelo ecossistema de impacto em 2019, um balanço sobre avanços do campo nos últimos cinco anos, e o processo de elaboração de novas recomendações.
Diogo Quitério, gestor de programas do ICE, explica que o acúmulo de reflexões contidas nos relatórios anuais divulgados desde a criação das 15 recomendações, juntamente com o relatório de balanço do período 2015-2020 (a ser divulgado em breve) estão entre os insumos para a discussão de novas diretrizes. Faz parte do processo também a consulta aberta que está em andamento até o dia 18 de outubro para que diferentes atores do ecossistema possam opiniar sobre as primeiras versões das Recomendações 2020-2025.
Processo robusto e colaborativo
Segundo Fernanda Bombardi, gerente executiva do ICE, a equipe optou por usar a metodologia do pensamento sistêmico buscando compreender de forma profunda a interconexão entre diferentes aspectos do ecossistema de investimentos e negócios de impacto.
“É como se distanciássemos um pouco o nosso olhar do dia a dia para o processo e conseguíssemos enxergar onde estão as inter relações e como elas fortalecem ou se tornam desafios para o desenvolvimento do campo. Com isso, podemos ter mais clareza sobre onde estão os pontos de alavancagem. É movendo esses pontos que seremos capazes de fazer o campo avançar na velocidade e da maneira como vislumbramos”, explica Fernanda.
O processo se baseia em escutas e colaborações com o ecossistema para recolher diferentes pontos de vista sobre o avanço do setor e os pontos a serem trabalhados. “Conseguir trazer essas diferentes perspectivas para o processo é o que faz com que as recomendações fiquem tão relevantes para todo mundo, o que vai contribuir também para sua adoção. Precisamos dessa participação não só no processo de construção, mas, especialmente, na implementação de ações concretas”, reforça Fernanda.
Leonardo Letelier, fundador e CEO da SITAWI Finanças do Bem, acredita que o processo de construção das recomendações só tem a ganhar quando há reflexão conjunta e combina visões de diferentes atores do ecossistema. “As recomendações podem ser feitas ‘de fora para dentro’, apenas com a realização de pesquisas, ou ‘de dentro para fora’, ou seja, envolvendo apenas o núcleo duro de atores reconhecidos no campo. O processo utilizado pela Aliança pelo Impacto para a atualização das recomendações, que tem uma parte importante de insights de quem está super ativo e uma parte de pesquisa mais aberta para ter certeza que ouvimos atores que estão mais distantes do centro, é importante, válido e gera resultados melhores.”
Perspectiva ampla do contexto
Apesar de ainda ser cedo para traçar comparativos entre as novas e as primeiras recomendações, Diogo pontua que a equipe tem considerado principalmente três pontos nas conversas com especialistas. O primeiro é a busca por um olhar mais sistêmico, de forma que cada recomendação consiga endereçar alguns desafios simultaneamente.
O segundo ponto é o alinhamento das recomendações com as agendas de trabalho de diferentes instâncias que compõem o ecossistema, como a Estratégia Nacional de Investimentos e Negócios de Impacto (Enimpacto), que é uma política pública, e iniciativas coordenadas por organizações da sociedade civil, como o grupo Fundações e Institutos de Impacto (FIIMP) e a Rede de Professores do Programa Academia ICE. “Em 2015, quando elaboramos as recomendações, não tínhamos tantas instâncias estabelecidas. Hoje, cada instância está pensando sobre suas próprias estratégias para olhar o tema. Nós queremos que as novas recomendações sejam criadas de forma alinhada ao que esses atores estão fazendo, mas também possam inspirá-los para iniciativas futuras”, observa o gestor.
O terceiro ponto é a busca por novas perspectivas, que tragam pontos decisivos para o debate e levem à mudança, em vez de criar recomendações a partir de mensagens que já foram transmitidas. “A importância de a universidade abordar essa temática em sala de aula ou pesquisas é um recado dado. E, ainda que ainda haja um longo caminho a ser percorrido, isso não significa que esse ponto tenha que virar uma recomendação”, exemplifica Diogo.
A busca, portanto, é por recomendações que sejam provocadoras e que possibilitem novos olhares e abordagens para o ecossistema. “Seguindo o exemplo, como podemos reconhecer e fortalecer as universidades e os professores como agentes de mobilização locais da agenda de impacto?”, questiona.
Etapas
Dividido em cinco etapas, o processo de construção de novas recomendações da Aliança pelo Impacto conta com o apoio técnico de quatro consultorias: Instituto de Tecnologia & Equidade, Prowa, SITAWI Finanças do Bem e ABC Associados. As duas primeiras etapas, realizadas internamente, envolveram a escolha de um problema complexo a ser estudado – no caso, a dinamização do ecossistema de investimentos e negócios de impacto – e o desenho de um diagrama de relações causais desse ecossistema, ou seja, como as jornadas de empreendedores e investidores se conectam e influenciam as jornadas de atores intermediários.
A partir desse diagrama, a etapa três se concentrou na reflexão sobre quais são os comportamentos disfuncionais nesse cenário, ou seja, quais as barreiras que tornam o ecossistema menos eficiente. Uma consulta aberta realizada em março e contribuições recebidas durante o Fórum Impacta Mais ON complementaram o olhar da equipe sobre esses aspectos.
“A partir disso, começamos a refinar os temas que poderiam virar recomendações, que é a etapa em que estamos agora. Estamos estudando nove temas. Para cada um deles, temos feito conversas com especialistas e, a partir delas, a Aliança pelo Impacto está construindo a primeira versão do texto das recomendações”, explica Diogo.
Como aconteceu com outros processos, a elaboração das novas recomendações sentiu os efeitos da pandemia da Covid-19. Diogo explica que a equipe optou por dar sequência ao trabalho mesmo em meio a tantas incertezas, entendendo que as recomendações precisarão ser atualizadas e adaptadas à medida que começarem a ser implementadas no que será o contexto de retomada pós-Covid.
Na etapa final, a consulta aberta no mês de outubro criará a oportunidade para a colaboração de qualquer pessoa que tenha interesse ou atue no campo de investimentos e negócios de impacto. “Esperamos que um número grande de pessoas leia as recomendações e possa nos indicar se estamos no caminho certo. Desejamos contribuições que possamos incorporar, sejam sugestões para o texto ou comentários que levem a mudanças na abordagem de algumas temáticas. A versão final das recomendações será o resultado de um esforço coletivo que deve visar, sobretudo, o impacto positivo de investimentos e negócios na vida das pessoas e do planeta”, afirma o gestor.