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ICE reúne organizações de apoio ao empreendedor para debater o pós-crise com olhar socioambiental
Encontro online reuniu representantes de organizações de apoio a empreendedores de impacto da rede formada nos últimos anos no âmbito do programa Incubação e Aceleração de Impacto.
Refletir sobre o papel das organizações de apoio ao empreendedor de impacto na construção do futuro do campo, promover a troca de conhecimentos e experiências e apresentar ferramentas e conteúdos que contribuam no suporte ao empreendedor de impacto foram os principais objetivos do encontro Dinamizadores de Impacto, realizado de forma online pelo ICE nos dias 11 e 12 de novembro.
Vivian Rubia, coordenadora de programas do ICE, explica que as ações voltadas a organizações de apoio ao empreendimento de impacto dividem-se em quatro frentes e o workshop integra o pilar destinado à formação.
Na agenda do encontro, a diversidade de debates refletiu o momento importante pelo qual o ecossistema passa e a multiplicidade de ações realizadas em 2020, como o lançamento do estudo Um olhar para a sustentabilidade de organizações de apoio a empreendimentos de impacto – iniciativa do Instituto de Cidadania Empresarial desenvolvida com coordenação técnica do CEATS-USP, parceira técnica da Move.Social e apoio do Instituto Sabin -, o apoio do ICE à elaboração do Guia 2.5 organizado pelo Instituto Quintessa, e as novas recomendações para o campo propostas pela Aliança pelo Impacto.
Além disso, a coordenadora reforça que o evento foi um marco por ampliar, pela primeira vez, o escopo de participantes. “Fazemos encontros com esses atores há alguns anos, mas sempre muito focados em aceleradoras e incubadoras. Essa foi a primeira vez que trouxemos organizações para além desses dois grupos. Temos percebido que existem outras organizações que, de alguma forma, fazem ou têm programas de formação, mentoria e suporte dirigidos a empreendedores de impacto.”
O momento atual e empreendimentos de impacto
A América Latina é uma das regiões mais afetadas pela pandemia globalmente. Entre vidas perdidas, milhões de pessoas infectadas e empregos perdidos, Marcel Fukayama, diretor executivo do Sistema B Internacional, pontua a crise humanitária, sanitária, social e econômica na qual a região se encontra: “Tudo que estamos vivendo não é pontual ou coincidência. É o sintoma de uma profunda, falha, grave e crônica crise sistêmica que nos leva principalmente a desigualdade e crise climática”.
Marcel cita que, anualmente, os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unidas (ONU) demandam um investimento de 4 trilhões de dólares, 2,5 trilhões apenas em regiões emergentes como o Brasil. “É irreal acreditar que apenas governos e filantropia serão suficientes para endereçar essa agenda. Os negócios de impacto podem, a partir de propostas empreendedoras, inovadoras e criativas, gerar soluções para educação, saúde, habitação, saneamento, que vão resolver problemas do nosso país e do mundo.”
Segundo o diretor, a ideia do pós-pandemia não deve ser retomar os trabalhos do ponto em que foram interrompidos, mas sim promover um novo sistema econômico, que seja inclusivo, equitativo e regenerativo para todas as pessoas e para o planeta. Diretamente relacionada a essa proposta de um novo sistema econômico está a campanha Redefina o Capitalismo, criada pela Imperative 21, uma coalizão global formada por B Lab, The B Team, Chief Executives for Corporate Purpose (CECP), Conscious Capitalism, Coalition for Inclusive Capitalism e Just Capital.
As aceleradoras, incubadoras e dinamizadoras de impacto que apoiam esses empreendimentos ganham mais importância no novo modelo. “O papel dessas organizações é apoiar esse empreendedor a sair do campo das intenções, firmar compromissos e principalmente realizar ações concretas em direção a essa nova economia”, aponta Marcel.
Intermediárias que dinamizam o ecossistema
Uma discussão relevante trazida no evento foi o conceito de “dinamizador”. Fernanda Bombardi, gerente executiva do ICE, mediou um painel em que o tema foi discutido. Ela compartilha a visão do ICE e da Aliança pelo Impacto sobre as instituições que dinamizam o ecossistema ao apoiar empreendedores na sua jornada de atuação com impacto; disseminar conceitos, dados e recomendações; estruturar e gerir produtos financeiros; e apoiar a construção de um macroambiente favorável para a atuação dos empreendedores.
“Entendemos que as organizações de apoio a empreendimentos de impacto são um tipo específico de dinamizadores. Costumávamos chamá-las de intermediárias, mas acreditamos que elas têm um papel para além de intermediar a relação entre empreendedores e investidores”, explica Fernanda.
Para Sheila Pires, consultora e representante de grupo de trabalho da Estratégia Nacional dos Investimentos e Negócios de Impacto (ENIMPACTO), a nomenclatura intermediárias já é insuficiente para designar a complexidade e diversidade do ecossistema de apoio a empreendedores de impacto, considerando seu crescimento nos últimos anos.
Além disso, ela trouxe ao debate discussões sobre o fazer dessas organizações, mencionando, por exemplo, que existe uma clara necessidade no mundo todo e particularmente no Brasil de que as organizações de apoio sejam mais completas do que são atualmente. “Não deve-se restringir apoio ao empreendimento em uma determinada etapa do negócio, mas sim desde o início até o momento que estará de maneira sólida no mercado. Esse fluxo é bastante difícil e cada vez mais precisaremos atuar em todo esse processo.”
Próximos passos para o ICE
Além da proposta de ampliar o universo de organizações com que se relaciona, o programa do ICE pretende intensificar sua formação em duas frentes: o fortalecimento de capacidades institucionais das organizações de apoio a empreendimento de impacto e a formação para que incorporem, cada vez mais, impacto em suas atividades e portfólios.
Fortalecer uma comunidade de trocas, dar continuidade a ações de monitoramento do setor e aprimorar a coleta e divulgação de dados, conteúdos, ferramentas e estudos para apoiar a jornada empreendedora também estão entre os planos para 2021. Além disso, Vivian adianta que uma frente de atuação nova buscará estabelecer parcerias para ampliar o acesso das organizações a recursos para o financiamento de suas ações.