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Relatório da Aliança pelo Impacto analisa ecossistema no período 2015-2020
Iniciativa antecede o lançamento de novo conjunto de recomendações e contou com apoio de diversos atores do campo para analisar a evolução dos investimentos e negócios de impacto no Brasil.
Com a chegada de 2020, a Aliança pelos Investimentos e Negócios de Impacto se viu em meio a dois processos: refletir sobre o período 2015-2020 à luz das15 recomendações elaboradas conjuntamente com outros atores para desenvolver e fortalecer o ecossistema de impacto e propor novas estratégias e diretrizes para os próximos cinco anos.
A publicação O Ecossistema de Investimentos e Negócios de Impacto entre 2015 e 2020 – Evidências e Relatos sobre os Avanços do Campo no Brasil a partir de 15 Recomendações apresenta avanços conquistados ao longo do período e consolida dados e depoimentos que demonstram o status das metas sugeridas para cada recomendação.
Para Diogo Quitério, gestor de programas do ICE e coordenador da Aliança pelo Impacto, as primeiras recomendações criadas, com suas visões de futuro próprias, hipóteses e condicionantes para o ecossistema de investimentos e negócios de impacto no Brasil, foram bons faróis para orientar a atuação e provocar reflexões de diversas organizações.
Segundo ele, a intenção do relatório de prestar contas se traduz em uma oportunidade de celebrar um conjunto significativo de conquistas liderados por organizações que fomentaram e apoiaram negócios de impacto, direta ou indiretamente, ao longo dos últimos anos. “Não esperávamos que 100% do que tinha sido proposto seria atingido. Mas mesmo em temas e metas onde não avançamos, é interessante observar que não foram paralisantes para que outras coisas acontecessem. O ponto principal da publicação é consolidar em grandes linhas diversos temas relevantes para o avanço de investimentos e negócios de impacto no Brasil. E ter um registro histórico do que aconteceu entre 2015 e 2020.”
Estrutura do relatório
Além de apresentar um breve histórico da elaboração do documento Finanças Sociais: soluções para desafios sociais e ambientais – que contém uma leitura do estágio de maturidade das discussões e iniciativas brasileiras na agenda dos investimentos e negócios de impacto, as 15 recomendações e uma visão de futuro pautada em quatro engrenagens -, a publicação traz um quadro com as 15 recomendações, seus status divididos em avançou, não avançou (parcialmente) e não avançou de forma geral e os status das metas, que variam entre 0%, 25%, 55%, 75% e 100%.
Em uma leitura rápida, é possível afirmar que cinco recomendações encontram-se na casa do 0%, enquanto três estão em 100% e duas em 75%. O relatório apresenta uma discussão detalhada de cada recomendação, explicando sua abordagem e o contexto no qual se encontrava em janeiro de 2020.
Entretanto, Diogo defende que, mais do que avaliar se uma recomendação avançou ou não, o relatório é uma estratégia para avaliar de que forma e em qual direção o ecossistema se movimentou. “Ainda que a análise geral indique que a agenda de mensuração de impacto estagnou, é interessante conhecer diversas iniciativas concretas implementadas nesse tema, para colocar-se a reflexão: “o que mais poderia ser feito? o que poderia ter sido feito com mais potência, regularidade ou capilaridade? Quem poderia ser engajado para olhar para isso?”, exemplifica.
Cooperação e crescimento do ecossistema
Da mesma forma como aconteceu o processo de elaboração das recomendações ainda em 2014, a publicação contou com apoio de inúmeros e diversos atores do setor de investimentos e negócios de impacto, entre representantes de organizações do investimento social privado (ISP), gestoras de investimentos e de soluções financeiras, aceleradoras, representantes de programas do Instituto de Cidadania Empresarial (ICE) e de universidades, entre outros.
Em diversas passagens da publicação, nota-se que se trata de um movimento coletivo em sua totalidade, desde a elaboração das recomendações e, agora, a análise do que avançou ou não. Diogo reforça que uma das premissas da Aliança pelo Impacto quanto às recomendações sempre foi a correalização, considerando seu papel de articular, fomentar e divulgar organizações e iniciativas que atuem direta ou indiretamente na jornada de empreendedores e investidores de impacto.
“Há cinco anos, havia apenas três organizações que se posicionavam como “investidor de impacto”. Atualmente, temos diversos fundos, plataformas de investimento coletivo, pessoas físicas, institutos e fundações que publicamente se comprometeram com impacto. É bastante gratificante acompanhar o crescimento do número de organizações que têm atuando com a agenda de impacto socioambiental positivo nos últimos anos, principalmente a aproximação com aquelas de fora do sul/sudeste ou com foco em territórios vulneráveis”, afirma.
Além disso, por mais que não seja possível conhecer e registrar em detalhes todas as iniciativas e resultados que mostram o avanço da agenda de impacto no Brasil, Diogo defende que, a cada ano, a Aliança nota a chegada de novas organizações compartilhando as suas conquistas e realizando ações próprias, como a criação de um novo programa de apoio a empreendedores, um novo fórum regional sobre o tema ou um novo produto financeiro comprometido com impacto.
“Com a ampliação desse ecossistema, diversificam-se os repertórios, abordagens e referências sobre o tema. As perguntas e os debates se tornam mais interessantes, assim como emergem novas oportunidades de futuro para essa agenda”, reforça o gestor.
O avanço das engrenagens
A publicação aponta que as quatro engrenagens que deveriam andar juntas para produzir efeitos significativos no campo – ampliação da oferta de capital, ampliação do número de negócios de impacto, fortalecimento de organizações intermediárias e o macroambiente favorável para atuação com impacto – de fato avançaram conjuntamente, mesmo que com diferentes status de metas.
Em Ampliação da oferta de capital, por exemplo, é citado o estudo da Aspen Network of Development Entrepreneurs (Ande), que mapeou R$ 5 bilhões em investimentos de impacto no fim de 2019, um valor 4,5 vezes superior ao mapeado em dezembro de 2017 (um crescimento de 113% ao ano no período). Dentro dessa engrenagem, uma meta que foi 100% cumprida foi alcançar ao menos 10% dos associados do Grupo de Institutos, Fundações e Empresas (GIFE) direcionando no mínimo 5% de seus investimentos e doações ao campo das finanças sociais e negócios de impacto. De acordo com o Censo GIFE 2018, 32% dos institutos e fundações associados manifestaram realizar aportes ao ecossistema de negócios de impacto, sendo que 33% repassam até 5% do orçamento anual, enquanto outros 26% destinam mais que 5%.
Na engrenagem Fortalecimento de organizações intermediárias, houve significativas alterações em relação ao contexto 2015: publicações produzidas pela própria Aliança e cursos oferecidos pelo ICE, Sebrae e Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec) mostraram a superação das metas de ao menos dez fundos de investimento atuantes com teses de impacto e ao menos 40 incubadoras e aceleradoras com estratégias específicas para selecionar e apoiar negócios de impacto.
Conquistas e avanços de 2019
No último bloco, a publicação apresenta conquistas e avanços de 2019 divididos em seis blocos: Apoio ao desenvolvimento de empreendedores/negócios de impacto; Atração de mais/novos investidores de impacto; Discussão, estruturação, avanços no âmbito jurídico; Premiação/reconhecimento de negócios de impacto; Publicação (estudo/pesquisa/guia) sobre o tema; Evento sobre o tema; e Outros. As iniciativas relatadas foram selecionadas a partir dos critérios inovação, aporte ao campo e conhecimento público.
Sob o ponto de vista da Aliança pelo Impacto, mesmo que ainda seja necessário ampliar o número de empreendedores, investidores e apoiadores, os últimos cinco anos foram de crescimento e estruturação do ecossistema de investimento e negócios de impacto no Brasil.