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ICE tem nova Teoria de Mudança voltada para o ecossistema de impacto
Atrair novos capitais e inspirar uma economia que coloca o impacto no centro de todas as decisões são alguns dos pontos que integram a visão de transformação projetada pelo Institute nos próximos cinco anos.
A pandemia de Covid-19 escancarou os desafios sociais e ambientais no Brasil e no mundo e o campo dos investimentos e negócios de impacto ganhou ainda mais relevância nesse contexto. Desenvolver negócios capazes de resolver os problemas, atraindo parte do capital privado que hoje é investida em mercados tradicionais se tornou uma oportunidade para responder ao cenário de crise.
O ecossistema brasileiro de investimentos e negócios de impacto alcançou conquistas importantes nos últimos anos, mas ainda há desafios estruturais para sua consolidação, que passam por mais coalizões locais e políticas públicas para impulsionar a agenda; maior capacidade institucional, qualificação e capilaridade das organizações de apoio a negócios e investidores; mais parâmetros e referências sobre impacto social e ambiental positivo, assim como narrativas mais simples e mobilizadoras; negócios mais maduros; e mais capital destinado a fomentar empreendimentos e dinamizadoras.
Atuando pelo fortalecimento do ecossistema de impacto desde 2014, o ICE se preparava para desenvolver sua nova tese de impacto para os próximos cinco anos em 2020. Com o novo cenário, novas questões e respostas emergiram. O processo de discussão e construção das diretrizes para o próximo ciclo (2021 – 2025) envolveu a equipe, associados e parceiros do ICE e foi conduzido pelo Sense-Lab – consultoria especializada em estratégia e inovação.
Está no centro da nova Teoria de Mudança atuar com redes e organizações que apoiam empreendedores e investidores em suas jornadas de impacto; produzem e disseminam conhecimento, conceitos, dados e conteúdos para formar e engajar mais empreendedores e investidores; estruturam, distribuem e gerenciam produtos financeiros que permitem alocação de capital para negócios de impacto; e constroem um macroambiente normativo e cultural favorável para a atuação de empreendedores e investidores de impacto.
A visão de transformação que orientará esse percurso é: “O ecossistema de investimentos e negócios de impacto se consolida gerando soluções inovadoras para superação das principais questões sociais e ambientais do Brasil, contribuindo para os ODS, atraindo novos capitais e servindo como referência e inspiração para uma economia que coloca impacto no centro de todas as decisões”.
“Terminamos 2020 celebrando o avanço do ecossistema de impacto, apesar dos desafios impostos pela pandemia, e já olhando para os próximos cinco anos do ICE e do setor de impacto no Brasil”, comemora Celia Cruz, diretora executiva do ICE.
A diretora destaca a participação dos associados do ICE e seu desejo de contribuir para a expansão e articulação da agenda de impacto com outras agendas, como a da ESG, sigla de Environmental, Social and Governance, uma abordagem que considera aspectos sociais, éticos e de sustentabilidade junto com o econômico e que tem ganhado espaço no ambiente financeiro e corporativo nos últimos anos e bastante notoriedade este ano no Brasil.
“Ao longo dos últimos nove anos, nos tornamos referência no setor de impacto brasileiro e um dos motivos é nossa forma de atuar em articulação com outros ecossistemas: ambiental, global, público, empresarial, investimento social, entre outros. Temos feito o mesmo com o movimento ESG. A grande visibilidade para essa agenda é para nós uma oportunidade para avançarmos na agenda de impacto, já que ambas buscam uma atuação mais íntegra, inovadora e transparente. Queremos que o ICE seja o lugar onde conversas entre esses diversos círculos aconteçam”, observa a diretora.
Conexão e influência
A nova tese de impacto do ICE se estrutura a partir de quatro focos estratégicos, que se conectam aos programas do Instituto.
O primeiro (Mobilização de atores e redes chave para que incorporem a agenda de impacto), por exemplo, que tem como objetivo mobilizar lideranças que incorporem dentro de suas organizações e redes compromissos estruturantes com a temática de investimentos e negócios de impacto, está diretamente ligado ao foco do programa Academia ICE nos próximos cinco anos de promover uma articulação mais estratégica, como explica Adriana Mariano, gestora de programas do ICE.
“Além de seguir ampliando e fortalecendo a rede de professores do programa, queremos colocar ênfase na articulação, no âmbito da Enimpacto [Estratégia Nacional de Investimentos e Negócios de Impacto], com associações de escolas particulares e federais, por exemplo, para expandir nossa atuação a um nível mais institucional e político”, explica.
O segundo foco estratégico (Influência sobre gestores e investidores para colocar impacto no centro de suas decisões) vai além da mobilização de mais capital para o ecossistema e busca estimular a criação de produtos financeiros que atraiam investidores, acionistas, fundações e governos.
A proposta dialoga de perto com o mapeamento de Produtos Financeiros de Impacto Socioambiental, uma realização da Aliança pelo Impacto em parceria com ICE e Impactix, que reúne instrumentos voltados a investidores de qualquer perfil interessados em investir com impacto e será transformada em uma vitrine online, como explica Diogo Quitério, coordenador da Aliança pelos Investimentos e Negócios de Impacto.
“Queremos construir uma plataforma referência para o ecossistema de caráter educativo que reunirá os diversos instrumentos e oportunidades para investimentos de impacto e levará para os sites dos fundos e demais plataformas de realização dos investimentos efetivamente.”
Além disso, Diogo conta que está nos planos a realização de laboratórios de inovação aberta em parceria com instituições do campo empresarial a fim de identificar os formatos mais consagrados para mobilizar as empresas a apoiarem conjuntamente startups e negócios de impacto dedicados à resolução de desafios socioambientais.
“A ideia é que essas empresas estruturem um fundo de crédito para oferecer às suas cadeias de valor de modo que estas possam ter também suas jornadas de impacto, o que qualificará tanto a atuação das empresas, como de suas cadeias”, explica o coordenador.
Infraestrutura e evidências
O terceiro foco estratégico (Fortalecimento de infraestrutura de apoio aos negócios de impacto) se dedicará à construção de um ambiente institucional (cultura, legislação e regulamentação) favorável para o empreendedorismo de impacto, com redes, plataformas de formação, conteúdos de referência e condições para replicação de boas práticas.
Para contribuir com esse objetivo, está no horizonte do programa Elos de Impacto (antigo Incubação e Aceleração de Impacto) a construção de uma grande coalizão para financiar os dinamizadores do ecossistema.
“As organizações dinamizadoras apoiam empreendedores e investidores em suas jornadas de impacto e precisam ser fortalecidas. Para isso, decidimos testar um formato bastante ousado que mobilizará atores de diferentes perfis e diversos tipos de capital para executar uma estratégia de fortalecimento do ecossistema por meio do apoio a essas dinamizadoras. Desenharemos em mais detalhes essa frente no primeiro semestre do próximo ano para realizar uma grande mobilização no segundo semestre”, explica Fernanda Bombardi, gerente executiva do ICE.
Além disso, as organizações e negócios apoiados pelo programa ICE Investimentos de Impacto (antigo Portfólio ICE-BID) contarão com um sistema mais robusto de monitoramento de impacto.
“Já existem novas metodologias e atores em outros lugares do mundo utilizando um ferramental mais moderno e engajador que nós pretendemos implementar no acompanhamento dos nossos negócios”, conta Beto Scretas, consultor do ICE.
O quarto e último foco estratégico da tese de impacto do ICE (Inovação para gerar evidências que influenciem a transformação social) se debruçará sobre a identificação e estruturação de repertórios e evidências que validem o campo como gerador de impacto socioambiental positivo para a sociedade, a fim de engajar cada vez mais atores estratégicos na agenda de investimentos e negócios de impacto.
Nessa direção, Vivian Rubia, coordenadora do Fórum de Investimentos e Negócios de Impacto, ressalta o papel que ganhará a agenda a partir do próximo ano.
“O Fórum é uma comunidade interessada na temática do impacto que se reúne a cada dois anos presencialmente, mas está em interação permanente. Está nos nossos planos ativar e fortalecer essa comunidade virtualmente, por meio de uma tecnologia social já em desenvolvimento, de modo que possamos mobilizar públicos estratégicos não apenas nos momentos do Fórum, mas permanentemente.”
A coordenadora conta ainda que uma parcela do recurso mobilizado para a realização do Fórum deste ano – que aconteceu virtualmente em razão da pandemia – dará origem a um crowdfunding direcionado ao apoio às dinamizadoras. A cada um real captado pelas organizações, o ICE doará mais um real para o financiamento de projetos de até 50 mil reais.
“Também está no radar a realização de editais para apoiar eventos locais com o objetivo de expandir o Fórum para mais regiões do país”, observa Vivian.
Como alavancas dos quatro focos estratégicos, a tese de impacto elenca sete diretrizes: conexão com a agenda ambiental, conexão com grandes empresas, protagonismo dos territórios vulnerabilizados, fortalecimento de ecossistemas locais, expansão de políticas públicas para impactos, disponibilidade de tecnologia para impacto e comunicação para impacto.
Novas Recomendações
A nova tese de impacto do ICE teve como ponto de partida o processo de construção das novas Recomendações da Aliança pelo Impacto.
Às vésperas de encerrar o prazo das 15 Recomendações construídas para o período 2015-2020, a organização se debruçou sobre o processo de construção de novas recomendações, que devem nortear a atuação do ecossistema nos próximos cinco anos.
O trabalho envolveu estudos, escutas e colaborações que resultaram em nove recomendações: 1) Fomento a dinamizadores de impacto; 2) Ecossistemas Locais de Impacto; 3) Contabilidade de Impacto; 4) Portfólios de Impacto; 5) Grandes empresas dinamizam impacto; 6) Negócios de impacto em territórios vulnerabilizados; 7) Conexão com negócios ambientais; 8) Tecnologias para impacto; 9) Comunicação para impacto.
No site da Aliança é possível conferir um texto preliminar sobre as nove recomendações. O material completo final está previsto para o início de 2021.