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ICE investe em fundo destinado a resgatar pequenos negócios de impactos da pandemia
CoVida20 foi uma das soluções que receberam aportes com recursos que retornaram dos empréstimos aos negócios apoiados pela parceria ICE-BID. Quarenta e cinco negócios comprometidos com a manutenção do emprego e renda durante a crise estão no programa de financiamento que reúne diferentes perfis de investidores e doadores.
O ano de 2021 teve início com mudanças importantes no rol de programas do ICE definidas a partir da construção de uma nova Teoria de Mudança para mais um ciclo dedicado aos investimentos e negócios de impacto. A Chamada ICE-BID, fruto da parceria entre o Instituto de Cidadania Empresarial e o Banco Interamericano de Desenvolvimento que investiu cerca de R$ 3 milhões para apoiar o desenvolvimento e a estruturação de negócios de impacto no Brasil, entre 2017 e 2018, dá lugar a um programa dedicado a investimentos de impacto.
O acompanhamento do portfólio de 16 negócios de impacto investidos faz parte do novo programa, bem como a gestão dos recursos que estão retornando no pagamento dos empréstimos realizados aos empreendimentos. Parte do montante recebido em 2020, R$ 420 mil já foram reinvestidos em três fundos, escolhidos por possibilitar a experimentação de diferentes instrumentos financeiros.
Resposta à pandemia com manutenção de emprego e renda
Assim como milhares de iniciativas, o CoVida20 – um dos fundos apoiados pelo ICE – foi criado em 2020 como uma forma de responder às consequências trazidas pela pandemia de Covid-19. Trata-se de um programa de financiamento para pequenos negócios de impacto comprometidos com a manutenção de emprego e renda.
A iniciativa, idealizada por Sistema B Brasil, Capitalismo Consciente Brasil, Trê Investindo com Causa e Din4mo, visa fazer a ponte entre diferentes perfis de investidores e doadores e negócios de impacto para oferecer empréstimos em condições acessíveis e coerentes com o momento atual. A ideia é que o recurso seja destinado à remuneração de colaboradores e sócios, mantendo suas famílias e o negócio com um fluxo saudável de recursos durante o período de incertezas.
Livia Galasso, membro do comitê executivo da Trê Investindo com Causa, explica que a iniciativa teve como principal motivação o cenário criado pela pandemia com demissões em massa e negócios declarando falência.
“Colaboração é a palavra que traduz todo o esforço e dedicação das atividades relacionadas ao Programa CoVida20 no desafiador ano de 2020. As quatro organizações idealizadoras contribuíram ativamente com o desenho inicial da estrutura do programa, além da ativação de suas redes e parceiros para levantar recursos e outros apoios, como atividades voluntárias e divulgação da iniciativa”, afirma.
Modelos de investimento
Além de apoiar pequenos negócios de impacto, o CoVida20 também chama atenção pelas opções para investimento. “Estruturamos uma solução blended finance – que consiste na combinação de recursos provenientes de diferentes tipos de capital privado e filantrópico – com o objetivo de estimular o investimento em projetos de impacto”, afirma Livia.
A especialista explica que o investimento via empréstimo coletivo ficou definido como a principal solução para levantar rapidamente os recursos solicitados pelos negócios. O CoVida20 conta com parceria da plataforma MOVA, responsável por formalizar as operações. “Com a Plataforma de Empréstimo Coletivo – solução peer-to-peer lending da MOVA – é possível reunir diversos investidores para levantar os recursos necessários para cada um dos negócios de impacto selecionados.”
Além disso, o programa também estruturou o Fundo Filantrópico Rotativo CoVida20, ferramenta para receber doações e servir como reserva para possíveis repactuações com negócios, diminuindo os riscos para investidores. Segundo Livia, os recursos do fundo poderão ser utilizados no futuro para emprestar a empreendedores de impacto com taxa zero ou para reinvestir em outros projetos de impacto.
A importância do investimento para pequenos negócios
Em nove meses de atividade, o programa conseguiu investir um total de R$ 6 milhões em 45 negócios, entre 283 inscritos, com cerca de R$ 766 mil em captações ainda em andamento na plataforma. Os selecionados se configuram como empreendimentos de pequeno porte – até R$ 10 milhões de faturamento anual – e pertencem a segmentos diversos, como alimentação, moradia, mobilidade, moda, educação, meio ambiente, entre outros.
Ao longo do programa, os negócios reforçaram a importância do apoio oferecido pelo CoVida20, como Luísa Haddad, fundadora da Pé de Feijão, que destacou o papel da iniciativa, tanto na vida dos colaboradores, como para a sobrevivência do negócio.
“Em vários momentos, os empreendedores selecionados reforçaram a responsabilidade perante seus colaboradores e suas famílias, que dependem daquela receita mensalmente. Por trás da palavra “funcionário” existe uma família, uma rede de amigos, pessoas, que como todos nós, precisam trabalhar para viver com dignidade. E atrás da palavra “negócio de impacto” existe o sonho, não do gestor ou sócio, mas de todos aqueles que embarcam com ele”, afirma Livia.
Quem investiu?
O montante total investido pelo CoVida20 foi possível graças à participação de 379 investidores, entre pessoas físicas e jurídicas, dos quais 72 são considerados grandes investidores e 307 pequenos investidores. Livia explica que a grande quantidade de investidoras mulheres – 40% – foi uma surpresa para os organizadores da iniciativa, um número alto se considerada a predominância de homens entre os investidores tradicionais.
A especialista comenta que os investidores parecem estar mais conectados às necessidades do presente e do futuro, buscando relações mais sustentáveis entre as pessoas, empresas, governos e o meio ambiente, uma vez que essas são demandas importantes para a sobrevivência e sustentação da própria economia.
“Também percebemos que os investidores estão questionando cada vez mais os caminhos que seu dinheiro percorre e exigindo das empresas que desenvolvam políticas socioambientais, reforçando seu compromisso com a sociedade. Tais investidores estão ampliando seu portfólio e alocando parte de seus recursos em negócios de impacto que também estejam conectados com essa visão de futuro. De forma geral, a confiança no modelo de negócio que gera receita e impacto positivo, ao mesmo tempo que tem capacidade de gestão, tem aumentado. O resultado é um maior engajamento do investidor com os seus investimentos e sua vida financeira, já que ele(a) sabe onde está investindo e qual o impacto positivo que o seu dinheiro gera num contexto mais amplo”, reforça.