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É hora de negócios e investimentos com impacto ambiental positivo
Aliança pelo Impacto tem recomendação específica e prevê atuação conjunta com lideranças da agenda ambiental. Climate Ventures, que lançou recentemente o estudo A Onda Verde, é um dos parceiros para levar adiante essa agenda.
Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e o Acordo de Paris, assim como a agenda ESG (Environmental, Social and Governance) propõem um novo compromisso do mercado com o meio ambiente. Esse contexto exige cada vez mais recursos financeiros para modelos de negócios com soluções claras e mensuráveis para os desafios ambientais e climáticos dos tempos atuais, incluindo seus efeitos sobre as populações mais vulneráveis.
Para alcançar esse objetivo, a Aliança pelos Investimentos e Negócios de Impacto recomenda que o ecossistema de impacto e lideranças ambientais trabalhem juntos, assumindo compromissos para fomentar negócios com impactos positivos para o planeta e as pessoas.
Esta é a síntese da recomendação de número 7 da Aliança, que integra o conjunto de novas diretrizes para fazer avançar a agenda dos investimentos e negócios de impacto no Brasil até 2025.
A diretriz contempla 1) Criação de teses de impacto ambiental com indicadores e boas práticas; 2) Formulação de narrativa capaz de mobilizar investimentos para negócios ambientais; 3) Identificação e mobilização de redes, atores e pesquisadores; 4) Criação de novos produtos financeiros; e 5) Mobilização de diferentes perfis de investidores: públicos, organismos multilaterais, indivíduos, famílias, family offices, gestores de recursos e grandes empresas.
Entre as metas traçadas para o novo ciclo estão: cinco mil negócios ambientais, dez estruturas de investimento blended que mobilizem R$ 1 bilhão e duzentos negócios de impacto socioambiental que mobilizem R$ 100 milhões.
“Em 2015, quando lançamos o primeiro conjunto de recomendações para fazer avançar o ecossistema de impacto no Brasil, achávamos que estava subentendido que, quando falamos de negócios de impacto socioambientais, estamos jogando luz também sobre os negócios ambientais. Mas descobrimos que seria importante, nesse novo ciclo, criar uma recomendação específica para esse recorte”, justifica o coordenador da Aliança pelo Impacto Diogo Quitério.
Ele ressalta ainda que, por estar no centro do debate ambiental internacional, o Brasil tem sido alvo de questionamentos dirigidos ao governo e ao setor privado sobre o que irão propor para superar esses desafios.
“É importante que a discussão de impacto paute esses compromissos e que possamos amadurecer o debate evoluindo da mitigação dos impactos negativos para promoção de impactos positivos. Para além de abandonar algumas práticas ou minimizar os efeitos negativos de certos setores produtivos, é fundamental que fomentemos setores e mercados que possam efetivamente gerar transformações com saldo positivo”, observa o coordenador.
A Onda Verde
A recomendação 7 da Aliança foi cocriada com a Climate Ventures, plataforma cujo propósito é acelerar uma economia regenerativa e de baixo carbono. A organização acaba de lançar o estudo A Onda Verde – Oportunidades para empreender e investir com impacto ambiental positivo no Brasil, do qual a Aliança pelo Impacto, por sua vez, foi parceira estratégica.
Produzido em parceria com o Pipe.Labo, centro de estudos e conhecimento aplicado sobre o mercado de impacto no Brasil, o levantamento consolida os principais desafios que o país enfrenta na temática e sintetiza uma matriz com 30 oportunidades de negócios em sete setores-chave para a agenda ambiental brasileira. Para isso, conduziu 17 entrevistas em profundidade com especialistas e consultou mais de 80 atores do ecossistema com o objetivo de mapear as possibilidades para empreender e investir na economia verde.
O levantamento reforça que os grupos mais vulneráveis sofrem as maiores consequências dos desafios ambientais mapeados, sendo essas mesmas pessoas as menos responsáveis por essa situação. Como exemplos, os pesquisadores citam a insuficiência de saneamento básico, que mina as oportunidades de desenvolvimento humano da baixa renda, e a ocupação desordenada do território, que resulta no afastamento de populações das áreas centrais da cidade – que, por sua vez, contam com infraestrutura mais adequada.
Para Lívia Hollerbach, cofundadora da Pipe.Social e uma das coordenadoras do estudo, não é uma coincidência que negros sejam os mais afetados. “Esse contexto dificulta o acesso desses cidadãos a um sistema educacional adequado e ao mercado de trabalho. São eles que moram em periferias caracterizadas pela precarização de moradias e pouco acesso a políticas públicas.”
Daniel Contrucci, cofundador e diretor da Climate Ventures, destaca que uma das conclusões do estudo diz respeito à necessidade de repensar os padrões de produção e consumo para garantir que estejam alinhados aos limites do planeta.
“Isso significa uma mudança da economia como um todo e os negócios de impacto têm o papel de inspirar essa narrativa, mostrando que é possível desenvolver produtos ou prestar serviços considerando o planeta e as pessoas envolvidas em toda a cadeia produtiva e, ao mesmo tempo, entregando preço competitivo e qualidade ao consumidor”, observa.
Desafios e oportunidades para ampliação da agenda ambiental no ecossistema de impacto
Daniel menciona a necessidade de um esforço em torno do aumento do volume e da qualidade do pipeline de negócios de impacto ambiental e dá pistas do que pode ser uma oportunidade para esse tipo de fomento.
“A corrida para zerar as emissões, que é uma iniciativa liderada pelas Nações Unidas alinhada à meta do Acordo de Paris, está gerando o compromisso de grandes corporações e governos, que implica em dizer como pretendem reduzir suas emissões. Isso tem gerado informações sobre onde estarão os futuros investimentos ligados ao esverdeamento de portfólios e à descarbonização das cadeias de valor”, explica.
E exemplifica. “Quando uma grande empresa ou um conjunto de centenas de grandes empresas divulga que uma de suas ações será rastrear sua cadeia de valor, podemos prever que esse mercado de rastreabilidade é um dos que vai explodir nos próximos anos. Essa demanda já é grande, por exemplo, no setor agropecuário e no setor industrial, que precisam comprovar a procedência dos seus produtos, desde a extração ou do plantio até que chegue ao consumidor. Então, esse é só um exemplo para mostrar como esses compromissos já estão ditando tendências que podem ser uma oportunidade para a escalabilidade dos negócios ambientais e para o aumento e a qualificação desse pipeline nos próximos anos.”
Novas colaborações no horizonte
“Temos planos de criar uma agenda a partir do estudo A Onda Verde para capturar demandas concretas de empreendedores e investidores que aplicarem a matriz de oportunidades”, conta Diogo, da Aliança pelo Impacto.
Na opinião de Daniel, uma atuação colaborativa entre diversos setores e perfis é essencial.
“Eu vejo duas frentes de ação: o mapeamento de atores, iniciativas, instrumentos e negócios – que é o que essencialmente buscamos fazer com o estudo A Onda Verde – e a sensibilização e busca de novos atores fundamentais e estratégicos para o avanço dessa agenda dentro do ecossistema de impacto.”
Pensando nisso, está nos planos da Aliança pelo Impacto fomentar uma visão de atuação sistêmica para a conexão do ecossistema de investimentos e negócios de impacto com a agenda ambiental.
“É preciso conectar a jornada dos empreendedores de impacto com os diversos apoios financeiros, técnicos e relacionais que eles precisam receber nas diferentes etapas de estruturação dos seus negócios. Há diversas organizações de apoio disponibilizando recursos, mas falta uma orquestração, principalmente na combinação com políticas públicas e participação de grandes empresas, que, se não se aliarem à causa, podem dificultar esse processo”, alerta Diogo.
Está no horizonte da Aliança ainda fomentar reflexões sobre o fortalecimento de ecossistemas locais de impacto. “Certamente essa será mais uma oportunidade para conhecer e nos conectar com diversas organizações e redes de apoio a empreendedores ambientais em territórios onde há empreendedores e agentes econômicos capazes de se comprometer com impacto positivo que protege ativos importantes para sua própria sustentabilidade.”
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