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ICE tem novo ciclo de investimentos de impacto
Com recursos que retornam dos pagamentos dos empréstimos concedidos aos negócios apoiados pela parceria ICE-BID, Instituto apoia intermediários que estruturam produtos financeiros de impacto.
Lacunas que dizem respeito à maturidade e à capacidade dos negócios de impacto e a parâmetros e narrativas sobre o que é impacto social e ambiental positivo ainda são desafios estruturais do ecossistema de investimentos e negócios de impacto.
Essas questões estão refletidas na Teoria de Mudança que orienta o próximo ciclo de atuação do ICE (2021-2025) e já eram pressupostos na ocasião da parceria entre o Instituto e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), que investiu cerca de R$ 3 milhões entre 2017 e 2018 para apoiar o desenvolvimento e a estruturação de negócios de impacto e fortalecer incubadoras e aceleradoras no Brasil.
Quatro anos depois, os aprendizados com a gestão do portfólio ICE-BID moldaram o novo programa ICE Investimentos de Impacto. Acompanhando o desempenho econômico-financeiro e os indicadores de impacto dessa carteira, o ICE pode provar sua tese de impacto para a iniciativa: a de que com um financiamento baseado na modalidade de empréstimo, essas empresas em estágio inicial atravessariam o ‘vale da morte’ e poderiam avançar para estágios mais maduros do negócio. A fase inicial dos negócios recebe este nome dada a alta taxa de mortalidade de empreendimentos nesse estágio.
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Com base no acompanhamento de alguns indicadores, é possível constatar resultados bastante animadores. O reporte mais atual mostra que mais de 30% dos recursos emprestados (R$ 2,8 milhões) nas duas chamadas realizadas no âmbito da parceria ICE-BID (2017 e 2018) já retornaram ao caixa do ICE.
Dos 14 negócios que seguem na carteira (um já concluiu o retorno total do valor e outro finalizou a operação em 2020), nove continuam realizando o pagamento dos empréstimos regularmente. Cinco renegociaram as dívidas com solicitação de extensão de prazo para pagamento em até 1 ano.
Para Beto Scretas, consultor do ICE à frente do portfólio, trata-se de um índice bastante positivo de recuperação de crédito, muito melhor do que a expectativa inicial.
“Passados dois terços do ciclo total da parceria, temos 15 empreendimentos em operação, 14 dos quais seguem na carteira com bom prognóstico de retorno dos empréstimos. Além de um resultado bem acima das expectativas iniciais, trata-se de um desempenho que supera indicadores de mortalidade do campo. Um sucesso grande, se pensarmos que estamos falando de empréstimos feitos a empresas nascentes”, pontua.
Captação Série A
Outro destaque entre os resultados da carteira fica por conta da captação Série A. O consultor explica em que consiste essa modalidade.
“Após o investimento semente da parceria ICE-BID, feito para que os negócios ultrapassassem o ‘vale da morte’, cinco empreendimentos conseguiram mobilizar outros recursos, acima de R$ 5 milhões”, conta.
O consultor observa que, em geral, os negócios de impacto iniciam suas atividades com dinheiro próprio e só quando começam a dar sinais de maturidade é que conseguem investimentos de terceiros. Nessa fase, são comuns os investidores-anjo, cujo aporte costuma ser na faixa de R$ 500 mil a R$ 1 milhão. Conforme a empresa vai ganhando tração e demonstra potencial de escala, começa a buscar outros tipos de investidores, geralmente fundos de investimento ou investidores profissionais, como é o caso das Family Offices.
“Esse recurso maior é tradicionalmente chamado de Série A e significa o primeiro grande investimento de um negócio. Conforme o empreendimento vai ganhando relevância, passa a conquistar investimentos ainda maiores, os chamados Série B, C, até que a empresa seja comprada ou abra capital. No caso do portfólio ICE-BID, esses cinco negócios conseguiram avançar a ponto de se tornarem atrativos para essa segunda fase de investimento, totalizando R$ 50 milhões em captação”, celebra Beto.
Negócio de impacto do setor de Educação, a Árvore tem soluções digitais para desenvolver a habilidade de leitura e recentemente fechou a captação de R$ 15,5 milhões. Os fundos Imaginable Futures e MSW fizeram novos aportes e Potencia Ventures, fundo de impacto internacional, é seu novo investidor.
A Gove, GovTech que consolida, organiza e disponibiliza dados e informações necessárias para aumentar a eficiência fiscal do setor público, é outro desses negócios e demonstra mais um efeito da parceria ICE-BID: a oportunidade de ser visto. Edson Rigonatti, sócio da Astella Investimentos, fez parte da banca que selecionou o empreendimento na segunda chamada da parceria. Gostou do que viu na Gove e, dois anos depois, investiu R$ 8 milhões no empreendimento.
O investidor explica o que motivou a escolha da Gove, tanto para o portfólio ICE-BID, quanto para ser sua investida. “Além de um time de empreendedores com mais de dez mil horas de experiência de trabalho conjunto resolvendo o problema endereçado pelo produto, adoramos a escalabilidade da estratégia de go-to-market arquitetada por eles.”
Segundo Rodolfo Fiori, co-fundador da Gove, o chancela ICE-BID veio com uma rede de empreendedores, parceiros, clientes e investidores.
Junto com outros cinco empreendimentos do portfólio ICE-BID, a Gove recebeu ainda investimentos de Familly Offices de doze famílias de alta renda, que, juntas, coinvestiram com aportes de R$ 100 e 200 mil para os empreendimentos. A rodada de investimentos organizada pelo ICE em parceria com a Impactix faz parte de uma jornada de aprendizado em investimentos de impacto para famílias de sua rede de Associados, que recebeu o nome de FORImpact.
Investimentos geram investimentos
Com os recursos que retornam dos empréstimos pagos pelos empreendimentos, o ICE está investindo em um novo portfólio, desta vez via instrumentos financeiros de impacto estruturados por organizações dinamizadoras.
O primeiro desses investimentos foi realizado em 2020 com o aporte de R$ 420 mil em três iniciativas: quarta rodada da Plataforma de Empréstimo Coletivo da Sitawi, CoVida-20 e Fundo Empírica VOX Impacto. Em uma segunda etapa, o ICE aportou R$ 275 mil na quinta rodada da Plataforma de Empréstimo Coletivo da Sitawi, desta vez voltada a negócios da Amazônia com foco na manutenção da floresta em pé.
Beto reforça o caráter múltiplo dos investimentos. “Por meio do Empírica VOX, por exemplo, estamos investindo em nano, micro e pequenos empreendedores que acessam o microcrédito oferecido pelas operadoras que integram o Fundo. É quase uma extensão da parceria ICE-BID, que foi motivada pela tese de investimento em negócios de impacto em estágio inicial. O retorno desse recurso agora alcança outros empreendedores, o que comprova parte dessa tese”, observa.
Ao todo, a nova carteira do ICE já conta com R$ 707 mil investidos em três organizações dinamizadoras e 17 negócios, o que representa cerca de 70% do valor retornado dos empréstimos do portfólio ICE-BID.
Beto ressalta a diversificação do portfólio atual. “Se os 16 negócios do portfólio ICE-BID tinham maior ênfase no impacto social, hoje, com esses novos investimentos, temos buscado estabelecer um equilíbrio entre os investimentos em negócios de impacto social e ambiental, além de investir em novos atores e instrumentos inovadores”, conta.
O consultor celebra um movimento que é cíclico. “Fazemos o monitoramento desse portfólio para apoiar os empreendedores e qualificar os negócios para que o retorno desses recursos possa ser reinvestido em novos negócios e daí por diante.”
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