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Entenda o papel das backbone organizations, que ajudam a orquestrar o ecossistema de impacto
As riquezas naturais e culturais, assim como as potencialidades da economia e da malha social do Brasil são inegáveis. Contudo, o outro lado da moeda também é real: vivemos problemas sociais complexos, que impactam direta e indiretamente toda a população, especialmente em áreas como educação, saúde, moradia e conservação de florestas. Ativar o que há de melhor para encontrar soluções em um sistema de ganhos mútuos faz parte e é o que move o campo de investimentos e negócios de impacto.
Diferentes atores sociais estão em ação, cada vez em maior número, neste campo. Agir de forma coordenada e colaborativa é um dos desafios, mas também uma via para o sucesso. À primeira vista, é claro o entendimento de que existem os empreendedores liderando negócios; incubadoras, aceleradoras, hubs de negócios e parques tecnológicos apoiando seu desenvolvimento; e investidores alocando capital em soluções inovadoras. Mas quem cria e ativa conexões entre tantos elementos? São as backbone organizations, ou, adaptando ao português, as organizações estruturantes do ecossistema de impacto. Um ator cuja razão de existir tem tudo a ver com conceitos como governança, articulação, sincronicidade, cooperação e visão comum.
Tamanha a importância do tema, a Aliança pelo Impacto produziu o guia informativo O Papel das Organizações Estruturantes no Fortalecimento de Ecossistemas Locais de Investimentos e Negócios de Impacto, que contou com coordenação técnica do Sense-Lab e apoio do Instituto humanize. Partindo do conteúdo do guia, Diogo Quitério, coordenador da Aliança, recebeu Bia Fiúza (Somos Um) e James Marins (Instituto Legado) para conversar na segunda edição da Sexta de Impacto em 2022, promovida pelo ICE.
“Existe um desafio de orquestração, de sustentação de parceiras e de uma visão de futuro compartilhada entre os atores de um ecossistema. Nós entendemos que é isso que vai torná-lo, de fato, dinâmico.”, afirmou Diogo Quitério (Aliança pelo Impacto).
Aproveitando a potência local
Apesar de não ter sido o objetivo primordial de sua criação, a Somos Um é, hoje, uma organização que ocupa esse papel no estado do Ceará. Bia Fiuza, sua diretora-executiva, conta que, apesar de alguma escassez em determinadas áreas, o Ceará possui riquezas e uma capacidade grande de empreender e inovar.
Assim, a organização tem aproveitado o potencial local e atuado em quatro áreas prioritárias para ativação do ecossistema:
1. Fortalecimento do ecossistema de impacto em conexão com políticas públicas e demais articulações;
2. Produção de conteúdo para promover o letramento da população sobre a agenda;
3. Formação de empreendedores e outros atores do ecossistema;
4. Fomento à inovação em um trabalho de consultoria junto a empresas e indústrias para desenhar estratégias de impacto e de impulsionamento do ecossistema e com aceleração de novos negócios.
Os eixos de atuação comentados por Bia Fiuza podem ser percebidos em outro desenho, e com outro sotaque, no Instituto Legado de Empreendedorismo Social. James Marins, co-fundador e presidente, aponta como a organização trabalha desde Curitiba (PR) para conectar empreendedorismo e filantropia.
“Buscamos resultados sistêmicos por meio de estratégias voltadas ao empreendedorismo social e também o entendemos como a nossa própria forma de atuação. Ao longo da nossa experiência nos últimos 10 anos, vimos o empreendedorismo social fazer crescer os negócios de impacto dentro da filantropia e autonomamente enquanto negócios de impacto.”
Por acreditar no poder da informação e educação, o Instituto Legado toca, além de formações, capacitações e acelerações, um MBA online em gestão de organizações e negócios de impacto social que já formou mais de 350 empreendedores de todo o Brasil.
Peculiaridades
“Por não marcar o gol ou por não colocar a mão na massa”, como citou James, uma organização estruturante muitas vezes tem dificuldade de ver compreendido seu papel em determinado ecossistema.
“Nosso grande desafio é explicar para as pessoas a importância de organizações como a nossa que atuam no meio de campo de todo o jogo. Não temos uma atuação tão tangível quanto os negócios ou as iniciativas que nós aceleramos”, pontuou James.
A disponibilidade em colaborar e estimular outros a colaborarem entre si é uma das características das organizações estruturantes. Para Bia Fiuza, o segredo para um ecossistema dinâmico está na união de esforços em torno de uma causa ou objetivos comuns, não restando espaço para disputas de protagonismos entre atores ou negócios.
“Quando falamos sobre novas economias, existe uma lógica diferente sobre como pensamos organizações e negócios, inclusive do viés da concorrência. Os negócios ou qualquer um dos atores ao seu redor para promover um ambiente propício para o empreendedorismo são pessoas e organizações que nasceram para resolver um problema. Então eles não podem se ver como concorrentes. Existe colaboração para atingir o objetivo”, reforçou Bia.
Esse é um dos motivos pelos quais o Instituto Legado trabalha também a formação de redes, como de negócios e empreendedores sociais e startups de impacto social. Nessa frente, procura colocar em contato diferentes formas de atuação, de negócio e de filosofia empreendedora para que se conectem e sejam inspiradores entre si.
E sem organizações estruturantes, como seria?
A conexão entre os diferentes atores também consiste em uma estratégia para diversificar os tipos de apoios aos negócios. Ao invés de todas as organizações terem como foco a parte inicial/de ideação do negócio, por exemplo, é possível dividir esforços e evitar estratégias parecidas ou até mesmo repetidas.
Essa diversificação só é possível caso o ecossistema em questão conte com uma organização dedicada a ter um olhar amplo, para o todo, o que é papel das organizações estruturantes. Não contar com elas, portanto, aumenta as chances de lacunas no ecossistema de impacto, de falta de apoio em determinada etapa da jornada empreendedora, o que deixará negócios desamparados.
“Gostei muito quando a Bia citou novas economias, porque eu também não gosto [do termo] nova economia [no singular]. Existem diversos, variados e incontáveis novos modelos de designs e de possibilidades de produzir impacto positivo no mundo por meio de negócios. Isso é muito interessante e precisa ser difundido”, pontuou James.
Saiba mais
- Confira a conversa na íntegra, assistindo à Sexta de Impacto.
- A Somos Um é uma das organizações responsáveis por realizar, com o ICE e outros parceiros, a Coalizão pelo Impacto – uma iniciativa nacional por mais e melhores negócios que vai potencializar o trabalho de organizações dinamizadoras de ecossistemas locais de impacto.
- Dúvidas sobre o que é uma organização dinamizadora? Assista ao vídeo com Fernanda Bombardi, coordenadora da Coalizão pelo Impacto.