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ICE participa do Global Social Innovation Indaba na África do Sul
A conferência, organizada pela Social Innovation Exchange (SIX), teve como lema ‘Mudanças Impulsionadas pelas Pessoas’ e reuniu organizações de inovação social de diversos países
No início de outubro, o Instituto de Cidadania Empresarial (ICE) participou do evento da Social Innovation Exchange (SIX), uma organização internacional voltada para a inovação social. Bia Fiuza, Carla Duprat e Luiza Nascimento, associada, diretora executiva e diretora-presidenta do ICE, respectivamente, representaram a organização e apresentaram o caso da Coalizão pelo Impacto.
A cidade de Bloemfontein, capital judicial e a sexta maior da África do Sul, sediou o Global Social Innovation Indaba, encontro da SIX com organizações de inovação social de todo o mundo, focado na troca de experiências e na construção de comunidades resilientes. Carla comentou que o evento tinha como objetivo questionar, desafiar e co-criar, promovendo reflexões sobre temas urgentes: “O poder das pessoas na impulsão da transformação, a preparação das universidades para as futuras gerações, a possibilidade de reimaginar as organizações que atuam no tema, o papel da arte na mudança social e, finalmente, o potencial da legislação como força para sociedades mais justas.”
Luiza destacou a participação de Tessa Dooms, socióloga, analista política e diretora do think tank Rivonia Circle, dedicado à revitalização da democracia na África do Sul, como um dos principais momentos do fórum. Tessa defende que a transformação democrática ocorre ao capacitar as comunidades com ferramentas e educação para um engajamento significativo na governança. Seu trabalho em educação cívica ajuda as pessoas a entenderem seus direitos, responsabilidades e como responsabilizar seus líderes, além de promover diálogos sobre temas como desigualdade econômica, acesso a recursos e justiça social.
“Achei inspirador o trabalho de Tessa e sua abordagem prática, facilitando fóruns abertos onde as comunidades expressam suas preocupações e propõem soluções aos formuladores de políticas. Ela também promove oficinas, mentorias e iniciativas de engajamento para inserir esses grupos nas discussões políticas”, completou.
Bia, que também é coordenadora da Coalizão pelo Impacto em Fortaleza (CE), relacionou o que vivenciou no evento com a realidade brasileira: “Foi interessante visitar um país do sul global com desafios semelhantes aos do Brasil e participar de momentos de trocas. Países como Quênia, Índia e África do Sul também enfrentam desigualdade, falta de infraestrutura e escassez de recursos, além de questões de diversidade e poder decorrentes da colonização. Trocar experiências com quem está construindo seus modelos de desenvolvimento foi enriquecedor”, explicou.
Mudanças impulsionadas pelas pessoas: o caso “Coalizão pelo Impacto”
Além da participação nos painéis e discussões do evento, a Coalizão pelo Impacto foi tema de estudo de caso em uma das atividades paralelas. As representantes do ICE conduziram um workshop sobre “como as mudanças impulsionadas pelo poder das pessoas estão moldando o futuro”. Durante o encontro, destacaram-se três desafios essenciais para o fortalecimento de qualquer ecossistema: comunicação, governança local e mobilização de recursos.
Carla Duprat, diretora executiva do ICE, analisou que a atividade gerou ideias inspiradoras, como dar visibilidade aos empreendedores por meio de narrativas, levar inovação social às escolas e criar redes de laboratórios de ação com parceiros.
“Na governança, ficou evidente a necessidade de co-criar estruturas de avaliação entre os conselhos, promovendo um ambiente de poder mais igualitário. Na mobilização de recursos, destacou-se a importância de contar histórias de impacto conectadas aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) para atrair financiadores, além da proposta de ‘educar filantropos’ para adotar uma visão de impacto de longo prazo e iniciativas multissetoriais”, pontuou.
O papel da filantropia na construção de comunidades resilientes
Uma das abordagens do Global Social Innovation Indaba foi como a filantropia pode impulsionar a prosperidade de comunidades e territórios. Em países desenvolvidos e em desenvolvimento, como o Brasil, a sociedade civil vem se unindo para enfrentar desafios socioambientais e inovar em prol das urgências de suas localidades. Luiza Nascimento, diretora-presidenta do ICE, ressaltou que, para praticar uma filantropia estratégica, duradoura e eficiente, é necessário que ela seja multifacetada, ágil e flexível, sempre mantendo uma escuta ativa e trabalhando de forma colaborativa com as comunidades. “É essencial lembrar que as comunidades são as protagonistas desse processo, e nosso papel (como filantropia) é fornecer o suporte necessário para que possam atingir seu máximo potencial”, complementou.
Para Bia Fiuza, associada do ICE, a filantropia tem o papel de propor soluções disruptivas, assumindo mais riscos e investindo recursos, expertise e energia em testar soluções inovadoras, mesmo com a possibilidade de falhas. Ela ressaltou que o Brasil, assim como outros países do sul global e em desenvolvimento, deve criar seus próprios modelos e soluções, com base em sua realidade e desafios.
“As soluções testadas no norte global, em países como Estados Unidos, França, Finlândia e Alemanha, não necessariamente funcionarão para nós. São culturas, modelos e processos de evolução diferentes, o que dificulta a comparação ou ‘importação’ dessas soluções. Precisamos criar nossas próprias iniciativas, considerando nossas complexidades. A filantropia pode contribuir nesse sentido, ousando criar iniciativas específicas para os nossos desafios, assumindo riscos e testando soluções para descobrir nosso próprio caminho”, finalizou.
Fotos: Stephen Collett/University of the Free State (UFS) e ICE.