
Entrevista com Rubens Ometto | “Não dá mais para empreender e investir olhando apenas para risco e retorno.”
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Nesta entrevista, o presidente do conselho da Cosan e um dos fundadores do ICE fala sobre seus ideais para o futuro do Brasil.
Há mais de duas décadas, Rubens Ometto, fundador e presidente do conselho do grupo Cosan, ajudou a criar o ICE (Instituto de Cidadania Empresarial) e hoje atua como conselheiro da organização.
A empresa tem sido parceira estratégica do ICE na promoção do fortalecimento dos investimentos e negócios de impacto no Brasil e, agora, apoiará o Instituto na criação da Coalizão pelo Impacto, iniciativa que propõe um pacto por mais e melhores negócios socioambientais. Com atuação direta em 5 cidades, a Coalizão trabalhará junto de organizações locais e mobilizará uma rede nacional para acelerar aprendizados, trocas e impacto positivo.
Em 2021, Rubens lançou um livro autobiográfico em que compartilha sua história de vida e trajetória profissional, que culmina com o sucesso da Cosan como maior conglomerado de infraestrutura do país. O livro se chama O Inconformista, fazendo alusão ao modo como questiona as coisas como são quando tem convicção de que elas poderiam ser diferentes.
Em entrevista ao ICE, o empresário fala sobre como sua atuação junto ao ICE faz parte de uma jornada trilhada em busca de realizar mudanças sistêmicas.
“Nosso propósito é contribuir com o desenvolvimento do Brasil, gerar impactos positivos e soluções eficientes para setores e negócios tão relevantes como aqueles nos quais atuamos.”
ICE: O que você queria ter visto de diferente no ambiente empresarial na época da fundação do ICE, em meados dos anos 2000?
Rubens: Junto aos demais colegas que participaram dessa construção, eu queria mostrar que precisávamos mudar a forma como resolvemos problemas sociais. Governos e filantropia não conseguiam e não conseguem, sozinhos, lidar com a escala das desigualdades sociais e dos problemas ambientais. O capital privado, que tem o empreendedorismo, inovação, agilidade e disposição necessários para encontrar soluções também precisa estar dentro desse jogo, assim como outros setores. Transformar a forma de fazer negócios, com modelos que tenham efeitos reais sobre esses problemas, requer a participação de toda a sociedade.
ICE: O ICE de hoje anima o inconformista que você é?
Rubens: Sem dúvidas. Temos visto os projetos do Instituto amadurecerem cada vez mais. A atuação do ICE pode ser medida pela importância dos programas que tem desenvolvido nas últimas décadas. É claro que são muitos os desafios que temos pela frente, mas é fato também que o ICE é hoje uma referência de transformação e atuação empresarial no campo social. Precisamos de um verdadeiro e vibrante ecossistema de investimentos e negócios de impacto, que é o que o ICE tem construído com suas iniciativas e projetos mais recentes.
ICE: Os setores sucroalcooleiro, petróleo e gás, energia elétrica e logística são cada vez mais cobrados por compromissos arrojados e audaciosos com o desenvolvimento sustentável e a mitigação das mudanças climáticas. Qual é o papel da inovação nos compromissos de sustentabilidade e com a agenda ESG assumidos pela Cosan? E com quais stakeholders vocês têm se relacionado nesse sentido?
Rubens: Em pouco mais de uma década, a Cosan se transformou, diversificou seu portfólio e, hoje, é um dos maiores grupos brasileiros com presença em segmentos estratégicos para o desenvolvimento socioeconômico do país. E se chegamos até aqui, é porque investimos olhando para o longo prazo, mantendo nosso compromisso com a disciplina financeira e com o desenvolvimento sustentável dos nossos negócios.
Nossa agenda sempre esteve conectada com valores e princípios inegociáveis para nós, como o respeito pelas pessoas e a sua segurança e das operações, a gestão eficiente dos recursos e relacionamentos de longo prazo com criação de valor para funcionários, fornecedores, clientes e comunidades. Portanto, em todas as empresas do nosso portfólio, as decisões são tomadas levando em conta os impactos que têm na governança e no meio ambiente e na relação com todos esses stakeholders.
ICE: Como você percebe o movimento global pelo impacto positivo com investimentos e novos modelos de negócios e o chamado que ele faz às grandes empresas para que sejam parte desse ecossistema?
Rubens: Para que o desenvolvimento mundial se torne sustentável, não dá mais para empreender e investir olhando apenas para risco e retorno. Precisamos considerar uma nova camada: a dos impactos sociais e ambientais de uma determinada operação ou atividade. Cada vez mais, a sociedade está de olho nisso. E que ótimo que as empresas estão se movimentando, melhorando as práticas de seus setores e do segmento privado como um todo. É fundamental que haja o engajamento e investimento do setor empresarial para contribuir com a geração de agendas de impacto positivo e promoção do desenvolvimento sustentável.
ICE: A Cosan tem sido parceira estratégica do ICE na promoção do fortalecimento dos investimentos e negócios de impacto no Brasil junto a academia, aceleradoras e incubadoras, investidores tradicionais e outros atores. Que inovação você vê no apoio às ações do Programa Academia ICE?
Rubens: Para que a gente possa, cada vez mais, fomentar soluções que gerem, de fato, impacto social positivo, perene e de grande alcance, precisamos incentivar e aprofundar o debate sobre investimentos e negócios de impacto no Ensino Superior e promover a produção de conhecimento sobre esses temas no país. E isso passa por todo o trabalho do Programa Academia ICE ao engajar professores, estimular a pesquisa e a troca de conhecimentos e reconhecer e incentivar a produção acadêmica nessa área. A pesquisa acadêmica é base para o avanço do ecossistema de investimentos e negócios de impacto no Brasil.
ICE: Atualmente, a Cosan é uma das apoiadoras do ICE na criação da Coalizão pelo Impacto. Quais são as expectativas em relação a essa parceria? Que resultados gostaria de ver e poder conectar com a atuação da empresa?
Rubens: Cada vez mais organizações têm provado que é possível conciliar lucro e propósito, unir a geração de impacto positivo à estratégia de inovação e novos negócios. Vejo nessa iniciativa uma grande oportunidade de mobilizar o empreendedorismo em uma proporção muito maior do que temos conseguido até o momento para movimentar de forma ainda mais a agenda de impacto no Brasil.
Saiba mais sobre a Coalizão pelo Impacto aqui.
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