Guia aponta caminhos para aproximação com aceleradoras e incubadoras de impacto
Produzido pelo GIFE a partir de estudo da Aliança pelos Investimentos e Negócios de Impacto, material recém lançado apresenta recomendações para institutos e fundações.
A importância da incubação e aceleração de negócios de impacto e como institutos e fundações podem apoiar as organizações intermediárias no ecossistema de Investimentos e Negócios de Impacto são temas do guia lançado pela Rede Temática (RT) de Negócios de Impacto Social do GIFE.
Inspirado na Pesquisa de Intermediários do Ecossistema de Finanças Sociais e Negócios de Impacto, uma produção da antiga Força Tarefa de Finanças Sociais – atual Aliança pelos Investimentos e Negócios de Impacto – em parceria com a Deloitte, o guia foi produzido pela Aupa – Jornalismo em negócios de impacto social. O material é acompanhado de um vídeo-teaser filmado no último encontro da Rede, realizado em outubro, que reuniu representantes das sete principais organizações intermediárias do ecossistema brasileiro de impacto e de institutos e fundações que atuam no tema dos negócios de impacto.
O material aborda ainda desafios e oportunidades na aproximação do campo com a filantropia e o investimento social privado. A partir de dados do estudo e de um zoom sobre a amostra de organizações intermediárias, o guia oferece uma visão ampla para que institutos e fundações possam identificar eventuais sinergias e parcerias.
A publicação é uma realização do GIFE em parceria com FIIMP – Fundações e Institutos de Impacto. A coordenação do material é assinada por ICE, Instituto Sabin e Fundação Grupo Boticário.
Aproximação entre o investimento social privado e o ecossistema de impacto
Dados do Censo GIFE 2018 indicam uma aproximação gradual e exploratória de investidores sociais privados com o tema de negócios de impacto. Esse envolvimento é marcado por debates relacionados a conceitos, questões jurídicas e diferentes modelos de investimento. Ainda assim, 117 milhões foram aportados no tema em 2018, o que corresponde a 4% do volume total de investimentos que foi de R$ 3,2 bilhões.
40% das 133 organizações respondentes do Censo afirmaram atuar com negócios de impacto de diversas formas, especialmente por meio de estratégias de formação e participação em redes. A proporção de organizações engajadas no tema dos negócios de impacto caiu de 42%, em 2016, para 40%, em 2018, no entanto, aumentou a parcela de recursos destinados ao campo, de 52 milhões (2%), em 2016, para 117 milhões (4%), em 2018. No mesmo período, o repasse de recursos a organizações intermediárias teve aumento significativo, de 6% para 16%.
Um dos elos do ecossistema de investimentos e negócios de impacto, as organizações intermediárias ou facilitadoras funcionam como uma ponte entre a oferta e a demanda de capital, buscando conectar cada grupo de atores, atuando diretamente com os empreendedores ou, sistemicamente, promovendo um ambiente mais favorável para o fortalecimento do setor.
A Pesquisa de Intermediários do Ecossistema de Finanças Sociais e Negócios de Impacto categorizou as organizações intermediárias a partir da modalidade de produtos e serviços que oferecem, dando mais clareza a seu papel e revelando a abrangência da atuação desses atores:
1) Recursos e serviços financeiros: fundos de investimento, fundos sociais, instituições financeiras;
2) Gestão de acesso a investidores: incubadoras e aceleradoras, consultores de investimentos, plataformas;
3) Monitoramento, avaliação e certificação: consultoras de medição de monitoramento de impacto, certificadoras;
4) Conhecimento e informação: instituições de ensino superior, organizações que formam profissionais, assessoria jurídica.
As sete organizações intermediárias presentes no encontro da RT do GIFE e apresentadas no guia representam essas quatro dimensões de atuação. São elas: Artemísia; Din4mo; Mattos Filho; Move Social; Phomenta; Sitawi; e Centro de Empreendedorismo Social e Administração em Terceiro Setor (CEATS), da Universidade de São Paulo (USP).
Diálogos e recomendações
O diálogo promovido durante o encontro da RT de Negócios de Impacto Social entre organizações intermediárias e instituições do investimento social privado gerou uma série de recomendações que podem ser frentes de trabalho para institutos e fundações interessados em apoiar o campo.
“Nosso desejo é, cada vez mais, atuar conjuntamente a partir de uma visão coletiva e de uma leitura sistemática desses desafios, sem esquecer que o que nos une e move é escalar, das formas mais diversas, o impacto positivo para as populações que mais precisam”, observa Celia Cruz, diretora executiva do ICE.
O guia sistematizou tais reflexões para cada uma das quatro dimensões de atuação das intermediárias. Confira a seguir algumas delas:
Gestão e acesso a investidores
- Dialogar sobre modelo de negócio das organizações intermediárias;
- Desafios de inovação e de gestão nas práticas de incubadoras/aceleradoras.
Recursos e serviços financeiros
- Estruturar e testar novos instrumentos financeiros pró-impacto (blended, crowds, etc.);
- Engajar capital filantrópico a experimentar e viabilizar novos instrumentos.
Monitoramento, avaliação e controle
- Estruturar programas de aceleração de avaliação (venture evaluation);
- Fomentar iniciativas coletivas/colaborativas no campo da avaliação.
Informação e conhecimento
- Promover ambiente favorável à expansão do campo de impacto (advocacy, aspectos regulatórios, etc.);
- Oportunizar espaços de formação e intercâmbio para organizações intermediárias (‘acelerar aceleradoras’).